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Crimes em escolas públicas expõem vulnerabilidade

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Crimes em escolas públicas expõem vulnerabilidade

20150408015526Colégios de portas abertas  para o perigo. Esse é o retrato de algumas escolas da rede pública do Distrito Federal. Sem porteiros ou vigilantes, funcionários e alunos ficam expostos aos perigos da violência   em um dos âmbitos onde a segurança deveria ser fundamental. Neste ano, além   da invasão ao Centro de Ensino Fundamental  1 da Estrutural,  um aluno morreu baleado dentro de uma escola de Taguatinga Norte.  Contrariando a realidade constatada pelo JBr., a Secretaria de Educação afirma que todas as unidades da rede pública têm profissionais que cuidam da portaria.

Na  Ginásio da Asa Norte (CEF GAN),   na 603 Norte, o panorama é preocupante. De acordo com Sirlene Rodrigues, jornalista de 44 anos e mãe de Júlia, aluna de 11 anos, não há um controle de quem entra e quem sai do colégio, independentemente do horário. “Minha filha estuda aqui há dois anos. Nesse período nunca vi ninguém monitorando a entrada ou a saída de alunos. O que é um risco muito grande”, relata Sirlene.

 Sem pessoal

De acordo com o diretor da unidade, Edgard Felix Santana, o problema dura mais tempo. “Estamos sem   porteiro há quase quatro anos. Tínhamos dois funcionários exercendo essa função, porém, uma precisou se aposentar e o outro teve que se afastar por motivos de saúde. Desde então nunca mais tivemos

Morador de rua  entrou sem permissão

O diretor do CEF GAN conta que o colégio fez os procedimentos legais, solicitando novos profissionais para a função de porteiro, em vão. “Os pais dos alunos nos pressionam constantemente, e com razão. Já tivemos casos de moradores de rua e outras pessoas, que não são do ambiente escolar, entrando no prédio. Conseguimos contornar a situação, levando a pessoa para fora em paz, mas o perigo é constante”, ressalta    Edgard Felix Santana.

Ele conta que, em momentos de maior tensão,  recorre às forças de segurança pública. “Temos um relacionamento muito bom a Polícia Militar. Sempre que acionamos, eles chegam quase que imediatamente aqui. Mas não é função deles tomar conta de porta de escola. Precisamos de alguém para exercer essa função, controlar o fluxo dos alunos”, completa Edgard.

“É extremamente preocupante. A sensação que tenho, ao deixar minha filha na escola, é de que ela está na rua com um professor”, diz a mãe de aluna  Sirlene Rodrigues.

Segurança não é uma constante

No Guará, na Escola Classe 6, alguns funcionários, que não quiseram se identificar, revelaram que não há um responsável pela segurança do local. “Frequentemente, algumas policiais de bicicleta passam por aqui. Mantemos uma boa relação com elas, pois não há um funcionário exclusivo para isso”, disse uma das servidoras. Ela acrescenta que o Batalhão Escolar não tem contingente para atender todos os colégios constantemente.

Diretor de outro colégio da cidade, o CEF  2, José Paes de Santana  confirma: “Nós solicitamos sempre a presença  deles, e eles de fato vêm, mas apenas uma vez por semana”. Na escola, há um porteiro responsável pelo fluxo de alunos.

Para driblar a falta de segurança efetiva, Santana conta que realiza algumas atividades para coibir a criminalidade. “Fazemos desde mapeamento até mediação dos casos, que diminuíram bruscamente. Um ambiente violento atrai mais violência. É algo cíclico”, detalha o diretor.

 

Educação

Procurada, a Secretaria de Educação informou que as 657 unidades que compõem a rede pública de ensino possuem porteiros e vigias. O órgão complementou que existe uma parceria com a Secretaria de Segurança Pública, por meio do Batalhão Escolar, que trabalha para prevenir e fazer rondas até as 18h30 e visitas educativas às escolas. No período noturno, viaturas da Polícia Militar estão presentes nas proximidades dos colégios. Até o fechamento desta edição, a PM não respondeu sobre a distribuição do efetivo.

 

Completa fragilidade

Visivelmente alterado, Marivaldo Teixeira da Silva, 33 anos, tentou  invadir uma casa antes de entrar no Centro de Ensino Fundamental 1 da Estrutural. É o que informa  o delegado Luiz Alexandre, da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), que investiga o caso. Segundo ele, a moradora da casa ligou para o marido, que, imediatamente, saiu do trabalho e foi até a residência.

Após uma discussão, o suspeito teria retirado  uma faca de cozinha do bolso. O dono da residência foi atingido na mão por facadas e socorrido por vizinhos. Enquanto isso, o suspeito saiu calmamente e se dirigiu até a escola, onde tudo aconteceu. Ele responderá por tentativa de homicídio  e lesão corporal.

Reforma estrutural

Para o especialista em segurança pública Antônio Testa, a situação das escolas públicas brasileiras é de completa vulnerabilidade. Diante disso, é possível que o acesso aos colégios fique cada vez mais restrito. Essa tendência, completa Antônio, por mais que não seja a ideal, é necessária para garantir   proteção. “Para isso, uma reforma estrutural é essencial, com um completo sistema de câmeras e vigilantes, como prevenção. Dificultar a entrada de estranhos, ou melhor, ter conhecimento e documentação de todas as pessoas que entram e saem das escolas também é fundamental”.

O especialista acrescenta que, assim como acontece em outros locais, os centros educacionais deverão ganhar o aspecto prisional. “Infelizmente, a realidade, não apenas do DF, mas do Brasil inteiro é a mesma e, portanto, a solução acaba sendo a mesma também. Hoje, vivemos em verdadeiras prisões”, opina. (Colaboraram Manuela Rolim e Lucas Valença)

 

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília