Especialistas apontam que o uso excessivo de ferramentas automáticas pode causar empobrecimento cognitivo e perda da autonomia criativa
A popularização das ferramentas de inteligência artificial reacende um debate central sobre o futuro da educação: estamos desaprendendo a escrever? Para muitos educadores e linguistas, a dependência crescente de assistentes automáticos — capazes de redigir textos completos em segundos — ameaça uma das habilidades mais humanas: o domínio da linguagem. A escrita, antes fruto de reflexão, pesquisa e elaboração pessoal, começa a ser substituída por respostas instantâneas, polidas e impessoais.
Pesquisadores alertam que essa comodidade tecnológica pode gerar um empobrecimento cognitivo silencioso, especialmente entre estudantes em formação. Ao terceirizar o raciocínio, perde-se o processo mental que estrutura o pensamento crítico, a capacidade de argumentação e a sensibilidade estilística. A escrita, lembram especialistas, é mais do que um instrumento de comunicação: é o espelho do pensamento. Quando deixamos de escrever, também deixamos de pensar com profundidade.
O desafio, portanto, não é rejeitar a inteligência artificial, mas reaprender a usá-la de modo consciente. Assim como a calculadora não eliminou a matemática, as ferramentas de IA não precisam eliminar a escrita — desde que sejam usadas como apoio, não como substituto. Preservar o ato de escrever é preservar o ato de compreender o mundo. E, no fim das contas, nenhuma máquina é capaz de traduzir com autenticidade o que só o humano sente, vive e pensa.
Da Redação | Folha de Brasília
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