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Brasil registra alta significativa nas internações de jovens por transtornos mentais

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Brasil registra alta significativa nas internações de jovens por transtornos mentais

O aumento das taxas de internação de jovens por questões de saúde mental expõe uma crise silenciosa que o Brasil insiste em tratar de forma fragmentada e reativa. Transtornos como ansiedade, depressão e episódios psicóticos têm levado adolescentes e adultos jovens a buscar ajuda hospitalar em números cada vez maiores, revelando um sistema que falha justamente onde deveria atuar com prevenção. A demanda cresce, mas a estrutura pública continua insuficiente, marcada por falta de profissionais, filas prolongadas e ausência de programas contínuos de acompanhamento psicológico.

As causas desse cenário são complexas, mas amplamente conhecidas: pressões escolares, instabilidade familiar, desigualdade social, uso problemático de redes sociais, violência urbana e ausência de espaços de convivência segura. No entanto, políticas públicas seguem desatualizadas, limitadas a campanhas pontuais que pouco dialogam com a realidade dos jovens. Enquanto isso, escolas têm dificuldade em identificar sinais de alerta, famílias carecem de orientação e o Estado só aparece quando a crise já exige internação — ou seja, quando a prevenção falhou. A saúde mental da juventude virou um indicador da negligência institucional.

A explosão de internações deveria ser tratada como um alerta nacional. Investir em centros de atenção psicossocial, ampliar o atendimento escolar, criar programas permanentes de apoio emocional e integrar tecnologia com cuidado humanizado não são opções: são urgências. Jovens não estão adoecendo “de repente”; estão apenas expressando, com intensidade, o colapso de um modelo social que cobra, pressiona, expõe — mas não ampara. Sem mudanças estruturais, o país continuará agindo apenas depois da crise, pagando um preço humano e social cada vez mais alto.

Da redação, Folha de Brasília.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil