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Cerveró: da vida de nababo às quentinhas do presídio no Paraná

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Cerveró: da vida de nababo às quentinhas do presídio no Paraná

cervero-da-vida-de-nababo-as-quentinhas-do-presidio-no-paranaCuritiba (PR) – O ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Néstor Cerveró, é o mais novo preso da Operação Lava-Jato no CMP (Complexo Médico Penal) de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Acostumado à vida de nababo que levava com renda mensal de R$ 130 mil, fora as propinas, Cerveró já está comendo na cela, ao lado de outros investigados da Lava-Jato, as “quentinhas” servidas em embalagem de isopor preparadas por uma empresa licitada pelo governo estadual.

O próprio Cerveró pediu transferência da Polícia Federal ao juiz Sérgio Moro e foi atendido pelo magistrado, que já o condenou em uma das duas ações penais pelas quais responde. O ex-executivo da companhia alegou que a carceragem da PF está lotada, e que o próprio superintendente do órgão pediu sua remoção.

Cerveró chegou ao CMP no final da tarde de quinta-feira (17), depois de quase 130 dias de encarceramento. Ele estava na companhia do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que permaneceu os últimos seis dias na PF para ser interrogado e comparecer, como ouvinte, a audiências na Justiça Federal.

A transferência de Cerveró foi feita na mesma viatura que levou Vaccari de volta à unidade prisional do sistema estadual de segurança pública, destinada a abrigar condenados com problemas de saúde, presos provisórios com nível superior e policiais investigados pela prática de crimes. Os dois dividem a mesma ala.

Choque de realidade 

No CMP, usando uniforme e comendo a comida padrão da unidade, Cerveró e Vaccari passarão o inverno ao lado de cerca de 700 presos e 146 agentes penitenciários. Na mesma galeria onde foram instalados os investigados do também chamado petrolão, estão cerca de 90 presos. Desse total, sete, além de Cerveró e Vaccari, são investigados por crimes de desvio e lavagem de dinheiro da Petrobras.

São eles os ex-deputados André Vargas (sem partido/PR), Luiz Argôlo (PP/BA) e Pedro Corrêa (PP/PE); o empresário Mário Góes; o doleiro Adir Assad; o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque; e o lobista Fernando Soares (ou Fernando Baiano, como também é conhecido).

Acostumado a privilégios decorrentes de uma renda mensal declarada de mais de R$ 130 mil até sua prisão, Cerveró já está experimentando uma rotina bem diferente daquela a que estava acostumado quando morava no confortável e amplo apartamento de Ipanema, bairro elegante da orla carioca, motivo de sua primeira condenação.

Ele não conseguiu convencer o juiz Moro de que o apartamento não era seu nem de que o imóvel não teria sido comprado com dinheiro de propina envolvendo a Petrobras, da qual foi funcionário por mais de 30 anos.

Horizontes limitados 

Agora Cerveró é servido duas vezes ao dia com “quentinhas” da unidade penitenciária. Terá direito a tomar banhos de sol diários, que em nada lembram a praia do bairro onde morava e que podia frequentar, se quisesse, no Rio. No CMP, quando chove o dia todo – o que não é difícil acontecer na Grande Curitiba por dias seguidos –, todos ficam em suas celas.

O passatempo permitido é ver televisão – que as famílias dos presos devem providenciar – e ler livros da biblioteca local. Como na PF, as visitas de familiares são semanais. Sexta-feira é o dia da semana em que os parentes do ex-diretor da Petrobras podem visitá-lo e conferir as condições em que ficará, aguardando o próximo julgamento.

Em breve, o grupo de presos da Lava-Jato também começará a experimentar as agruras do inverno paranaense. Construído próximo do rio Iraí – um dos que abastecem Curitiba com água para consumo –, o CMP é gelado no inverno e, por causa da proximidade do rio, fica envolto em cerração durante horas.

Por lá, mesmo antes da chegada oficial da estação mais fria do ano, a temperatura já chegou a 2 graus centígrados. Ao menos, garante a Secretaria da Segurança Pública, o banho coletivo diário e supervisionado por agentes penitenciários, que antes era frio, passou a ser quente. Segundo o órgão, isso não é privilégio para os presos de alto padrão financeiro da Lava-Jato, mas um benefício para todos os internos da unidade.

Fonte: Fato Online
foto:Jefferson Rudy/Agência Senado