Nasir Sobhani é um barbeiro que trabalha seis dias por semana para se sustentar. No sétimo dia, em vez de descansar, ele caminha pelas ruas de Melbourne, na Austrália, para cortar de graça cabelos de desabrigados. O “barbeiro das ruas” lutou contra o vício das drogas e, depois de se livrar dele, decidiu ajudar as pessoas. “Não acho que estou fazendo nada de particularmente legal. Só acho que estou simplesmente fazendo o que amo”. Ele publica as fotos dos resultados dos cortes em seu Instagram e conta um pouco das histórias de seus clientes. Confira a entrevista realizada com ele pela revista americana Cosmopolitan:
Como as pessoas reagem quando você pergunta se eles querem um corte de cabelo gratuito?
Às vezes eles me reconhecem antes mesmo de eu dizer qualquer coisa. Elas vão dizer algo como “Você é aquele cara” e eu falo “Sim, sou aquele cara. Você quer um corte de cabelo?”.
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Você já se deparou com clientes antigos na rua de novo?
Sim. Eu os chamo pelo primeiro nome e, então, eles se sentem mais amados. Encontrei com um homem um mês depois e ele veio até mim e disse “Após o último corte de cabelo, as coisas mudaram muito para mim. Estou muito bem esses dias. Decidi que vou parar de vender heroína. Realmente quero ser um bom pai para os meus filhos”.
Qual é a experiência mais louca que você já passou com os cortes de cabelo nas ruas?
Tenho histórias engraçadas. Puxaram uma faca para mim uma vez e não tinha ideia do que ia acontecer. Ele ia me cortar um pouco de heroína para me agradecer. Era um traficante de heroína. E eu disse “Não, isso é o oposto do que estou tentando fazer por você aqui”.
Quem foi o seu cliente mais memorável até agora?
Provavelmente, um homem que foi gravemente viciado em heroína e está nas ruas como resultado. Mas ele disse “Quero começar a trabalhar com as crianças para tentar que elas não vivam assim”. Esse homem viveu uma vida dura, mas ele quer ajudar as crianças a sair. Esse é o tipo de pessoa que continua me obrigando a fazer o que estou fazendo. Porque não acho que estou fazendo nada de particularmente legal. Eu só acho que estou simplesmente fazendo o que amo.
Qual é o maior equívoco que as pessoas têm sobre as pessoas que vivem na rua?
Que elas escolhem ser sem-teto ou que elas estão desabrigadas porque são preguiçosas. Ninguém quer realmente viver nas ruas de roupa suja. Ninguém quer não ter companheirismo. Ninguém, na verdade, não quer estar em uma casa na véspera de Natal com a família. Faz sentido?
Por que você faz isso para as pessoas?
A principal coisa que realmente me motiva a fazer o que eu faço é a fé Bahá’í (religião monoteísta que enfatiza a união espiritual de toda a humanidade). Isso é realmente o que quero enfatizar. Amo minhas convicções filosóficas e religiosas porque realmente incentivam o amor e a união. Porque, no fim do dia, todos eles são criaturas que devemos amar. Criaturas de Deus, você sabe? Não sou esse missionário profético também. Realmente não falo sobre religião abertamente ou falo sobre isso na rua. Falo sobre minhas experiências e minha formação.
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Foto: @thestreetsbarber/Instagram/Reprodução