
Com a necessidade de aprovar um pacote fiscal composto por quatro propostas em apenas duas semanas, o governo Lula intensificou negociações com o Congresso, incluindo a liberação de emendas parlamentares e debates sobre mudanças ministeriais. O Palácio do Planalto enfrenta resistência de parlamentares insatisfeitos com as novas regras do STF para emendas e a percepção de desprestígio por parte de partidos aliados.
A principal estratégia do governo é garantir a revisão, ainda que parcial, da decisão do ministro Flávio Dino, que endureceu as regras de execução das emendas. Paralelamente, PSD e União Brasil pressionam o Planalto, alegando exclusão em discussões políticas, especialmente na disputa pela sucessão na Câmara dos Deputados. O pacote também enfrenta críticas de militares, membros do Judiciário e partidos como PDT e União Brasil, que questionam alterações em temas sensíveis como aposentadorias e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Para viabilizar as aprovações, o governo liberou R$ 10 bilhões em emendas antes do recesso, complementando os R$ 35 bilhões já pagos em 2023. Parte desses recursos serve como moeda de troca para conquistar apoio ao pacote fiscal. Além disso, o PSD, que possui três ministérios, articula a substituição da pasta da Pesca por um ministério de maior relevância. A legenda argumenta que o espaço ocupado é inferior ao de outros partidos que disputam o mesmo eleitorado.
Enquanto negocia apoio ao pacote, o Planalto já mira a formação de alianças para 2026. Lula busca fortalecer laços com MDB, Podemos e PSD, além de tentar neutralizar opositores como PP, Republicanos e União Brasil. A estratégia inclui a ampliação do tempo de TV e recursos do fundo eleitoral, além da distribuição de cargos no segundo escalão e agências reguladoras para atrair partidos centristas e isolar alas mais próximas ao bolsonarismo dentro dessas legendas.
No caso do MDB, o governo quer enfraquecer lideranças como Baleia Rossi e os prefeitos de São Paulo e Porto Alegre, considerados obstáculos para o alinhamento da sigla. A aposta é fortalecer setores pró-governo e, eventualmente, oferecer novos ministérios como forma de consolidar o apoio para 2026. O cenário demonstra o esforço do governo em equilibrar interesses políticos e garantir sua governabilidade a curto e longo prazo.