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Graves violações na operação de 28/10 reforçam falência da política de confronto no Rio

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Graves violações na operação de 28/10 reforçam falência da política de confronto no Rio

O relatório da Comissão da Câmara que aponta graves violações cometidas na operação policial de 28 de outubro no Rio de Janeiro reacende o debate sobre o modelo de segurança pública adotado no estado — um modelo que, há anos, coleciona mortes, abusos e fracassos sem apresentar resultados sustentáveis. A constatação de violações graves, incluindo uso desproporcional da força, falta de planejamento e indícios de execuções, expõe um padrão que se repete a cada grande operação: ações ostensivas justificadas como combate ao crime, mas que frequentemente resultam em violações de direitos e aprofundamento da desconfiança das comunidades em relação ao Estado.

O levantamento da Comissão – composto por depoimentos, vídeos, perícias e visitas técnicas – reforça o que organizações civis denunciam há décadas: operações desse tipo não desarticulam facções, não reduzem violência e não fortalecem a presença do Estado nos territórios. Ao contrário, consolidam uma política que prioriza letalidade em vez de inteligência, confronto em vez de estratégia, repressão emergencial em vez de políticas de longo prazo. A reincidência desses métodos indica que as forças de segurança têm atuado sem parâmetros claros de responsabilidade, com baixa transparência e quase nenhuma prestação de contas. O resultado é previsível: violência que se retroalimenta.

A reação institucional ao relatório será determinante. Se o documento for tratado apenas como mais uma formalidade, sem consequências práticas para a política de segurança, o ciclo de abusos continuará intacto. É urgente rever protocolos, responsabilizar agentes quando necessário e investir em inteligência, investigação e presença social do Estado — pilares ignorados em favor de operações midiáticas. O relatório da Comissão não traz surpresa, mas traz evidência: a segurança pública no Rio não está falhando por acaso; está falhando porque segue um modelo que não funciona e que, ainda assim, insiste em se repetir.

Da redação, Folha de Brasília.

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil