A nota divulgada pelo deputado Hugo Motta em defesa da ex-assessora de Arthur Lira acrescenta mais uma camada de tensão ao já conturbado cenário político envolvendo o presidente da Câmara. Ao posicionar-se publicamente, Motta tenta descolar a investigação de qualquer caráter político e reafirmar a idoneidade da ex-servidora, que aparece em apurações recentes sobre suposto uso irregular de recursos e influência no Parlamento. A manifestação, no entanto, chama atenção pela tentativa de blindagem em um momento em que o entorno de Lira vive forte escrutínio público e institucional.
A defesa de Motta, embora estratégica, revela desconforto e preocupação dentro do próprio Centrão. A nota busca minimizar o impacto das denúncias, mas também expõe o receio de que a crise atinja toda a estrutura de poder que sustenta o comando da Câmara. Ao adotar um tom de proteção irrestrita, o deputado reforça a percepção de que aliados de Lira atuam para conter danos antes que as investigações avancem. Essa postura levanta questionamentos sobre transparência: se a ex-assessora não tem relação com práticas suspeitas, por que tamanha mobilização política para defendê-la?
O episódio evidencia, mais uma vez, como redes de influência e lealdade política pesam mais do que esclarecimentos objetivos em casos que deveriam ser tratados com rigor institucional. A nota de Motta não responde aos pontos levantados nas investigações, não esclarece fatos e tampouco apresenta elementos concretos de defesa — limita-se a um gesto político. Em vez de fortalecer a credibilidade das instituições, a reação alimenta a narrativa de que o Congresso opera sob lógica corporativa, protegendo aliados antes mesmo da apuração completa. Em um ambiente de descrença pública, gestos assim mais confundem do que esclarecem.
Da redação, Folha de Brasília.
Foto: Lula Marques/Agência Brasil







