Desde o seu retorno ao poder, Lula tem adotado cada vez mais a postura de um estadista global, priorizando uma imagem polida e institucional, mas afastada do povo que o elegeu. A comunicação de seu governo, marcada por tecnicismos e estratégias engessadas, tem falhado em traduzir políticas públicas de forma clara e acessível. Essa abordagem evidencia um distanciamento das bases populares, que antes se identificavam com sua simplicidade e habilidade de dialogar diretamente sobre os problemas cotidianos.
Esse distanciamento não é exclusividade de Lula, mas reflete uma tendência crescente na esquerda brasileira, que parece estar se transformando em uma nova aristocracia política. Líderes antes próximos das classes trabalhadoras agora assumem posturas elitistas, cercados por tecnocratas e estratégias de marketing de baixa criatividade, desconectadas da realidade social do Brasil. Essa desconexão enfraquece o vínculo com as bases populares e abre espaço para o avanço de discursos populistas que se beneficiam dessa lacuna.
Para reverter esse cenário, será necessário resgatar a simplicidade e a proximidade que marcaram os primeiros anos de Lula como líder popular. O governo precisa comunicar suas ações de forma mais direta e acessível, reconectando-se com as demandas do cidadão comum. Sem essa mudança, a esquerda brasileira corre o risco de se distanciar ainda mais das massas e perder sua relevância política em um cenário cada vez mais competitivo e fragmentado, especialmente no contexto das redes sociais e do enfraquecimento dos grandes veículos de comunicação.
Cristovão Pinheiro é um estrategista político brasileiro com mais de duas décadas de experiência em marketing político. Ao longo de sua carreira, ele participou de diversas campanhas eleitorais bem-sucedidas, demonstrando uma profunda compreensão do cenário político nacional.