O aumento das hospitalizações por influenza A no Norte e Nordeste acende um alerta preocupante sobre a fragilidade da vigilância epidemiológica e da capacidade de resposta sanitária nessas regiões. Enquanto os estados lutam para lidar com a sobrecarga hospitalar e a limitação de leitos, o crescimento dos casos evidencia desigualdades históricas no acesso à saúde pública. A influenza A, que poderia ser controlada com vacinação adequada e estratégias de prevenção bem estruturadas, volta a pressionar sistemas hospitalares que tradicionalmente operam no limite, principalmente durante períodos de sazonalidade intensa.
A disparada das internações também expõe falhas na cobertura vacinal e na comunicação pública. Estados do Norte e Nordeste registram, há anos, índices mais baixos de vacinação contra gripe em comparação a outras regiões, reflexo de campanhas insuficientes, territórios de difícil acesso e baixa adesão da população. A cada ciclo epidemiológico, a falta de planejamento se repete: vacinação tardia, baixa distribuição de insumos, demora na detecção de surtos e ausência de integração entre municípios. Esses fatores, somados, transformam uma doença prevenível em um problema recorrente de saúde pública.
O cenário reforça a urgência de políticas permanentes, e não apenas reações emergenciais. Se o Ministério da Saúde não ampliar a distribuição de doses, não reforçar campanhas específicas para regiões vulneráveis e não aprimorar a vigilância epidemiológica local, o país continuará enfrentando surtos desnecessários. O aumento das hospitalizações por influenza A não é apenas um dado; é um sinal claro de que falta coordenação nacional, planejamento regional e compromisso real com prevenção. Repetir a mesma resposta a cada ano significa aceitar que o Norte e o Nordeste conviverão indefinidamente com crises que poderiam ser evitadas.
Da redação, Folha de Brasília.
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil







