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Protestos em três capitais pressionam governo a vetar o PL da Dosimetria

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Protestos em três capitais pressionam governo a vetar o PL da Dosimetria

As manifestações realizadas em Brasília, Rio e São Paulo contra o PL da Dosimetria evidenciam o grau de polarização que o projeto provocou no país antes mesmo de chegar à mesa do presidente da República. Milhares de pessoas foram às ruas para denunciar o que classificam como uma tentativa de enfraquecer o combate a crimes graves e de beneficiar investigados e réus ligados aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Para os manifestantes, o PL representa um retrocesso jurídico ao limitar a capacidade do Judiciário de fixar penas proporcionais em crimes coletivos e atentados contra a ordem democrática — um debate que transcende tecnicalidades e alcança o coração da disputa política atual.

Os atos também expõem o desconforto de uma parcela significativa da população com a velocidade com que o projeto foi aprovado no Congresso e com a falta de transparência sobre suas consequências práticas. Críticos afirmam que o PL da Dosimetria, apresentado como ajuste técnico, foi transformado em instrumento político para tensionar o STF e criar margens de alívio futuro para figuras centrais do bolsonarismo. A presença maciça de manifestantes nas principais capitais revela que a sociedade percebe o risco institucional e recusa a narrativa de que se trata apenas de um debate jurídico neutro. O temor é claro: que o Estado retroceda em sua capacidade de punir atentados contra a democracia.

A mobilização nas ruas coloca pressão direta sobre o presidente Lula, que agora precisará decidir entre sancionar um projeto visto como perigoso para a estabilidade institucional ou vetá-lo e enfrentar novo embate com o Congresso. Seja qual for a escolha, o episódio já demonstra como o Brasil segue preso a um ciclo de disputas entre Poderes que extrapolam a arena institucional e chegam à sociedade. As ruas, mais uma vez, tornam-se palco do conflito político — e o PL da Dosimetria, longe de pacificar o debate penal, aprofunda a divisão sobre qual país se deseja construir após os ataques de 8 de janeiro.

Da redação, Folha de Brasília.

Foto: Tânia Rego/Agência Brasil