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Zambelli renuncia ao mandato após prisão e pressão do Supremo

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Zambelli renuncia ao mandato após prisão e pressão do Supremo

A renúncia de Carla Zambelli ao mandato, após sua prisão e a decisão do Supremo Tribunal Federal que ampliou o cerco jurídico contra a deputada, representa um desfecho político que parecia inevitável diante da escalada de conflitos, episódios de radicalização e sucessivas investigações. A saída voluntária ocorre não como gesto de responsabilidade pública, mas como tentativa de preservar algum espaço político diante de um desgaste irreversível. Zambelli chegou ao Congresso como símbolo do bolsonarismo combativo; deixa o Parlamento como retrato de um ciclo que se alimentou da confrontação permanente e terminou sob pressão institucional inédita.

A renúncia também expõe a incapacidade da Câmara de lidar com casos graves envolvendo seus próprios membros. Ao optar por não cassar a deputada mesmo diante de fatos amplamente divulgados, a Casa permitiu que o Supremo assumisse posição decisiva no encaminhamento do caso. A prisão e o agravamento das medidas judiciais tornaram politicamente inviável sua permanência, e Zambelli acabou empurrada para uma saída que o Parlamento não teve coragem de conduzir. O episódio, mais uma vez, demonstra como o corporativismo legislativo alimenta crises que depois recaem sobre o Judiciário.

Politicamente, a renúncia marca um ponto de inflexão no bolsonarismo. A queda de uma de suas figuras mais ruidosas simboliza o enfraquecimento de uma estratégia baseada na confrontação institucional e na radicalização digital. Ao deixar o mandato, Zambelli não apenas perde foro, estrutura e visibilidade: perde também o escudo simbólico que sustentava sua atuação. Para o país, o episódio deixa lições claras: a política não pode normalizar abusos, e instituições que falham em agir cedo acabam sendo obrigadas a agir tarde — e sob maior desgaste. Resta saber se esse será um ponto isolado ou o início de uma responsabilização mais ampla.

Da redação, Folha de Brasília.

Foto: Lula Marques/ Agência Brasil