O governo argentino decidiu retirar sua delegação da 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 29), que ocorre em Baku, no Azerbaijão. A confirmação da saída foi dada por uma fonte oficial do Ministério do Meio Ambiente, que anunciou a decisão na quinta-feira (14). A retirada da delegação marca uma ruptura com a postura diplomática histórica da Argentina em relação às negociações climáticas internacionais.
Desde sua posse, há quase um ano, o presidente Javier Milei tem adotado políticas austeras, incluindo cortes em subsídios, paralisação de obras públicas e a eliminação de milhares de postos de trabalho no setor público. Uma das principais mudanças sob sua liderança é a negação das mudanças climáticas, o que se reflete em sua ausência na conferência, um evento no qual o país tradicionalmente tinha um papel ativo.
A decisão de se ausentar da COP 29 gerou reações negativas, com Oscar Soria, ativista ambiental argentino, destacando que essa postura é inédita na diplomacia do país e representa um claro contraste com a política externa anterior. A delegação argentina em Baku era pequena, com foco principal em treinamentos técnicos, e já não estava presente no Estádio Olímpico de Baku, local do evento, quando a decisão foi oficializada.
A saída da Argentina da conferência foi mencionada por vários participantes, incluindo Yalchyn Rafiev, negociador-chefe do Azerbaijão, que preferiu não comentar sobre a situação. A ministra do Meio Ambiente do Chile, Maisa Rojas, também fez uma declaração cautelosa, enfatizando que, independentemente das decisões políticas, as mudanças climáticas continuam a afetar todos os países, tornando essencial a cooperação internacional para mitigar seus impactos.
A Argentina, como parte da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC), tem obrigações, como o envio de relatórios sobre a transparência climática e a apresentação de sua nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), que deverá ser finalizada até fevereiro de 2025. Durante a COP 29, o principal objetivo é atualizar os fluxos de ajuda financeira para os países em desenvolvimento, com uma meta de aumentar os investimentos em dez vezes, uma tarefa que promete ser desafiadora.