Enquanto milhões de brasileiros enfrentam ônibus lotados, calor de 40 graus e salário mínimo de R$ 1.412, existe um oásis no meio do Planalto Central onde o sol brilha mais forte, o ar-condicionado nunca falha e os boletos são pagos com verba pública: o Congresso Nacional.
Ali, nossos valorosos deputados e senadores exercem sua nobre missão com um “sacrifício” mensal de até R$ 170 mil (fora o cafezinho). O salário base? R$ 33 mil para deputados, R$ 46 mil para senadores a partir de 2025 — mas ninguém sobrevive só disso, né? Por isso, há também o auxílio-moradia (para quem não gosta dos apartamentos funcionais), passagens aéreas, verba para combustíveis (em Brasília?!), gráfica, telefone, assessores, plano de saúde vitalício e, claro, reembolso até de dentista.
Enquanto isso, o trabalhador brasileiro se vira com um salário que mal paga o aluguel — mas pelo menos tem o consolo de sustentar um sistema onde um deputado ganha em um mês o que ele levaria dois anos suando para juntar. E tudo isso para votar de casa! Afinal, recentemente foi autorizado o voto remoto, porque não é justo exigir que parlamentares enfrentem o desconforto de um voo comercial até Brasília.
E como o povo se sente com tudo isso? Tranquilo. Só 78% dizem não confiar no Congresso, segundo as pesquisas mais recentes. Talvez porque, na prática, parece que temos mais um programa de fidelidade parlamentar do que uma democracia representativa.
Mas sejamos justos: manter esse castelo de privilégios exige esforço. Não é fácil fingir empatia, posar de indignado em CPI e ainda manter os stories em dia. O Brasil pode até não funcionar direito, mas o sistema de regalias do poder legislativo segue a pleno vapor — com confiança em baixa, custo em alta e o contribuinte… bem, esse só observa, paga e reza para não adoecer.
Folha de Brasília, Da redação







