O ex-presidente Jair Bolsonaro vive seus dias mais difíceis desde que deixou o Palácio do Planalto. Alvo de diversas investigações, ele agora é obrigado a usar tornozeleira eletrônica, está proibido de sair de casa à noite, impedido de utilizar redes sociais e proibido de manter contato com aliados — inclusive com seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro.
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) veio após a Polícia Federal identificar movimentações suspeitas, risco de fuga e articulações políticas com figuras estrangeiras, como o ex-presidente dos EUA, Donald Trump. A Justiça agiu rapidamente: foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-presidente, com apreensão de celulares, valores em espécie e pen drives.
O cerco jurídico
O cerne das acusações envolve a tentativa de subverter o resultado das eleições de 2022. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já apresentou suas alegações finais, acusando Bolsonaro de liderar uma organização criminosa e de planejar um golpe de Estado. As penas combinadas podem ultrapassar 40 anos de prisão.
A previsão é que o julgamento avance até setembro. Mas, enquanto a decisão final não vem, o STF impôs restrições duras — como raramente se vê contra ex-presidentes.
Um aliado que virou ameaça?
As investigações apontam que Bolsonaro manteve contato com agentes estrangeiros, articulando apoio político e possíveis rotas de fuga. O nome de Trump surgiu com força nos autos, e a repercussão foi imediata. O ex-presidente norte-americano classificou o julgamento de Bolsonaro como “injusto”.
A dúvida que paira: até que ponto Trump estaria disposto a intervir por seu aliado ideológico?
Prisão à vista?
Fontes ligadas ao Judiciário já admitem, nos bastidores, que uma ordem de prisão preventiva não está descartada. A tornozeleira e as medidas cautelares funcionam como um “freio de contenção”, mas, caso Bolsonaro descumpra alguma das exigências — como manter distância de redes sociais ou diplomatas —, a detenção poderá ser imediata.
E o silêncio do PL?
Enquanto isso, o Partido Liberal (PL), que ainda abriga a maior bancada da Câmara, evita enfrentar diretamente o desgaste. Em público, lideranças falam em “perseguição política”. Nos bastidores, há preocupação: uma eventual prisão de Bolsonaro pode desestabilizar alianças, enfraquecer candidaturas bolsonaristas e comprometer estratégias eleitorais de 2026.
O que está em jogo?
Não está em pauta apenas o destino de um ex-presidente. O caso Bolsonaro testa a força das instituições democráticas, a autonomia do Judiciário e a resistência de um grupo político que ainda mobiliza milhões de eleitores.
Se condenado, Bolsonaro pode se tornar o primeiro presidente da Nova República a ser preso por tentativa de golpe. Se absolvido, a narrativa de “perseguido político” ganha força e pode reorganizar a direita radical para as próximas eleições.
A próxima fase do processo está prevista para agosto, e novas medidas podem ser tomadas a qualquer momento.
Folha de Brasília — Da Redação







