O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) completa 20 anos no Distrito Federal, consolidado como uma referência indispensável no socorro à população. É inegável que milhares de vidas foram salvas graças à eficiência e dedicação de profissionais que enfrentam, diariamente, situações extremas. A celebração é justa e necessária, mas não pode esconder os problemas que ainda cercam o serviço e a rede de saúde pública como um todo.
Apesar do reconhecimento, o SAMU convive com deficiências estruturais que comprometem seu alcance. Faltam ambulâncias em número adequado, a manutenção da frota é precária e há carência de recursos humanos, especialmente médicos especializados em atendimento pré-hospitalar. Além disso, os longos tempos de resposta em algumas regiões mostram que a cobertura ainda é desigual: o atendimento é mais eficiente no Plano Piloto e entorno imediato do que nas áreas periféricas, onde a demanda é crescente e os recursos, escassos.
Celebrar duas décadas de existência não deveria ser apenas motivo de festa, mas de reflexão. O SAMU do DF precisa de investimentos consistentes, gestão transparente e valorização profissional para continuar sendo um pilar da saúde pública. Se não houver compromisso político em fortalecer o serviço, o risco é que a marca histórica de 20 anos se torne apenas um lembrete de que avançamos até certo ponto, mas estacionamos diante dos desafios mais urgentes. A vida dos cidadãos não pode depender de um sistema que comemora conquistas passadas enquanto falha em planejar o futuro.
Da redação, Folha de Brasília
Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília