A nova pesquisa de opinião mostra que a aprovação do presidente Lula voltou a crescer em grande parte do país. O dado seria motivo de comemoração para o governo, não fosse um detalhe incômodo: o Centro-Oeste permanece resistente à narrativa de recuperação da popularidade. Brasília, símbolo do poder, e os estados vizinhos continuam expressando desconfiança diante de um governo que promete muito, mas ainda patina em entregar resultados concretos na região.
A resistência não é apenas ideológica. O Centro-Oeste é motor do agronegócio, setor que sente falta de diálogo consistente com o Planalto. A retórica do governo em pautas ambientais e de regulação do campo muitas vezes soa como ameaça, em vez de convite à cooperação. Ao mesmo tempo, políticas públicas voltadas para infraestrutura, logística e modernização produtiva da região não avançam na velocidade esperada. O eleitorado lê isso como descaso, e o resultado se reflete nos índices de aprovação.
O contraste é revelador: enquanto Lula busca projetar no exterior uma imagem de liderança global e progressista, internamente ainda não conseguiu convencer parte do país de que seu governo está atento às demandas locais. A estagnação no Centro-Oeste é um sinal de alerta para o Planalto. Se o governo quiser transformar crescimento nacional de aprovação em estabilidade política duradoura, precisa parar de tratar a região como reduto hostil e começar a enxergá-la como peça central no futuro econômico e social do Brasil.
Da redação, Folha de Brasília
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil