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Brasil aciona reciprocidade contra os EUA: defesa necessária ou jogo arriscado?

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Brasil aciona reciprocidade contra os EUA: defesa necessária ou jogo arriscado?

O aval do presidente Lula para iniciar um processo de reciprocidade econômica contra os Estados Unidos marca um ponto de inflexão na política comercial brasileira. A decisão, tomada após o governo americano impor tarifas adicionais a produtos nacionais, é apresentada como um gesto de soberania: se o parceiro não respeita, o Brasil revida. A narrativa agrada ao orgulho nacional e fortalece o discurso de independência nas relações internacionais. Mas será que o país tem condições de sustentar essa retaliação sem maiores danos ao próprio desenvolvimento econômico?

A relação comercial com os EUA é estratégica, especialmente em setores como commodities agrícolas, aço e manufaturados. Retaliações recíprocas podem, no curto prazo, punir empresas americanas instaladas aqui ou reduzir importações de produtos específicos. No entanto, a economia brasileira ainda depende fortemente de mercados externos para manter superávits comerciais, e enfrentar de igual para igual a maior potência do mundo pode revelar-se mais retórica do que força real. O risco é o Brasil acabar isolado, com prejuízo para exportadores nacionais que não têm alternativas rápidas para substituir o mercado norte-americano.

Mais que bravata, o país precisa de estratégia. Retaliação sem plano é apenas pirotecnia diplomática. O desafio é transformar a crise em oportunidade: diversificar parcerias, fortalecer cadeias produtivas locais e negociar em bloco, dentro do Mercosul e dos BRICS, para aumentar o peso político e econômico. A reciprocidade, nesse sentido, deve ser entendida não como um gesto isolado de orgulho, mas como parte de um projeto maior de inserção internacional. Caso contrário, o Brasil corre o risco de repetir velhos erros: responder ao imediato com impulso, sem construir a longo prazo a autonomia que tanto reivindica.

Da redação, Folha de Brasília

Foto: Reuters\Adriano Machado