A liderança de Celina Leão nas primeiras pesquisas para o governo do Distrito Federal em 2026 chama atenção, mas também revela a superficialidade do debate político que costuma marcar o cenário eleitoral de Brasília. A deputada aparece em vantagem, capitalizando sua presença pública e o recall de sua atuação como vice-governadora, mas até aqui a disputa se mantém mais no campo das intenções espontâneas do eleitorado do que na apresentação de projetos sólidos para o futuro da capital.
Pesquisas são importantes termômetros, mas não podem ser tratadas como oráculos. A popularidade inicial de Celina pode refletir o desgaste de outros nomes, a fragmentação das forças políticas locais ou até a ausência de alternativas claras no momento. Transformar esse favoritismo em vitória dependerá da sua capacidade de construir um programa de governo consistente, que dialogue com os problemas centrais do DF: mobilidade urbana caótica, desigualdade entre regiões administrativas, falta de investimentos estruturantes em saúde e educação. Sem isso, a liderança nas pesquisas corre o risco de ser apenas fogo de palha.
O eleitor brasiliense, já calejado por promessas não cumpridas, exige mais do que rostos conhecidos e discursos fáceis. Se Celina Leão quiser transformar números favoráveis em vitória legítima, terá de demonstrar que não busca apenas ocupar o Buriti, mas que tem projeto, competência técnica e disposição para enfrentar interesses enraizados. Do contrário, sua liderança nas pesquisas será apenas mais um capítulo de um enredo político que se repete: muito barulho eleitoral, pouca transformação real.
Da redação, Folha de Brasília
Foto: Bruno Peres/Agência Brasil