O Ministério da Saúde informou que o Brasil tem atualmente 48 casos em investigação de intoxicação por metanol, substância altamente tóxica encontrada em algumas bebidas adulteradas e produtos irregulares. O número preocupa porque aponta para a expansão de um problema que já resultou em mortes recentes e que expõe a fragilidade da fiscalização sobre o comércio clandestino de bebidas.
A gravidade da situação vai além do consumo eventual. O metanol, quando ingerido, pode causar cegueira irreversível, danos neurológicos e até a morte. Ainda assim, a circulação de bebidas adulteradas persiste em bares, distribuidoras e mercados informais, sobretudo em regiões periféricas onde o preço atrativo se sobrepõe à segurança. A falta de campanhas educativas e de ações contundentes de combate ao comércio ilegal amplia o risco para a população.
O cenário revela um paradoxo: enquanto o país discute políticas de saúde pública de longo prazo, falha em proteger a população de ameaças imediatas e letais. A criminalização mais severa, como o projeto que propõe tornar a falsificação de bebidas crime hediondo, pode ser um passo, mas não substitui a necessidade de fiscalização constante e integrada. Sem isso, o Brasil continuará a registrar números alarmantes e a expor vidas a riscos previsíveis e evitáveis.
Da Redação, Folha de Brasília
Foto: José Cruz/Agência Brasil