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Casos de intoxicação por metanol expõem falhas na fiscalização e descaso com a saúde pública

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Casos de intoxicação por metanol expõem falhas na fiscalização e descaso com a saúde pública

O registro de 32 casos confirmados de intoxicação por metanol no Brasil é mais do que um dado alarmante — é um retrato do descuido crônico com a fiscalização sanitária e da negligência estatal diante de uma ameaça previsível. O metanol, substância altamente tóxica usada em solventes e adulterações de bebidas alcoólicas, já foi responsável por dezenas de mortes em surtos anteriores, mas continua circulando sem o devido controle. A cada novo caso, o país confirma que não aprendeu com suas próprias tragédias.

A raiz do problema está na combinação explosiva de desregulamentação, impunidade e desinteresse político. Falta controle efetivo sobre a produção e comercialização do metanol, e a fiscalização de bebidas clandestinas segue sendo tratada como tema secundário. O resultado é um mercado paralelo que prospera à sombra da omissão do poder público — e que transforma em vítimas consumidores de baixa renda, atraídos por produtos baratos e sem garantia. Enquanto isso, ações de prevenção e educação sanitária continuam esporádicas e ineficazes.

O Estado precisa reagir com urgência e seriedade. A recente chegada do antídoto fomepizol é importante, mas representa apenas a resposta emergencial a um problema estrutural. É preciso endurecer o controle químico, reforçar a vigilância sanitária e aplicar punições exemplares a quem lucra com a falsificação de bebidas. O Brasil não pode continuar tratando a intoxicação por metanol como uma fatalidade ocasional. Cada caso é uma acusação contra a ineficiência pública — e cada vida perdida, uma evidência do preço da negligência.

Da redação, Folha de Brasília

Foto: Divulgação Polícia civil/RJ