A liberação de R$ 807 milhões em emendas pelo governo nas semanas seguintes à indicação de Jorge Messias ao STF expôs mais uma vez a lógica que move Brasília: nada avança sem negociação, e nada se negocia sem custo. A disputa entre Executivo e Senado pelo controle das emendas, hoje peça central do poder político, mostra que o país continua refém de um sistema onde consenso se constrói no orçamento, não no debate público.
Embora o Planalto negue relação entre verbas e votos, a coincidência de calendário e a concentração de recursos justamente nas bancadas que resistem à indicação reforçam a percepção de que a engrenagem institucional só gira quando é lubrificada por acordos. No Congresso, líderes admitem nos bastidores que sem acomodar interesses regionais, nenhuma indicação, pauta econômica ou reforma passa.
O episódio escancara uma velha verdade da política brasileira: o país só anda quando há pacto, mesmo que o preço desse pacto seja pago com dinheiro público. Entre barganhas e pressões, a governabilidade continua dependente do mesmo mecanismo que mantém o sistema funcionando, mas também impede que ele mude.
Folha de Brasília, da redação







