Brasília – A discussão sobre a possível redução das penas aplicadas aos condenados pelos atos de 8 de janeiro passou a ser observada com atenção pelo Palácio do Planalto, não apenas pelos efeitos no cenário político interno, mas também pelas possíveis repercussões no ambiente internacional.
Fontes da Folha de Brasília, com ligação ao núcleo do governo, afirmam que o Executivo não trabalha com a hipótese de defender publicamente qualquer medida que possa ser interpretada como anistia. Ainda assim, há no Planalto a avaliação de que o desfecho do tema pode ocorrer sem protagonismo direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a partir da tramitação no Congresso Nacional e de eventuais decisões no âmbito do Judiciário.
Interlocutores do governo reconhecem que o tema do 8 de janeiro vem se prolongando como um foco permanente de tensão política. No Congresso, sobretudo entre partidos de centro, cresce a leitura de que penas elevadas e decisões concentradas no Judiciário mantêm o assunto em evidência e dificultam a construção de consensos em outras pautas.
No plano externo, auxiliares do governo avaliam que uma condução mais discreta do debate pode ser interpretada como sinal de estabilidade institucional. A relação do Brasil com os Estados Unidos, que no início do atual mandato foi marcada por um discurso firme de defesa das instituições democráticas, entrou em uma fase de menor atrito, o que amplia o espaço para uma abordagem menos confrontacional.
Segundo essas fontes, um eventual esvaziamento político do tema teria também impacto interno. Ao retirar o 8 de janeiro do centro do debate público e deslocá-lo para uma discussão mais técnica, o governo reduziria o potencial de mobilização de setores da direita que exploram a narrativa de perseguição política.
Publicamente, o governo mantém a posição de que crimes contra a democracia devem ser punidos. Nos bastidores, no entanto, a orientação predominante é acompanhar o avanço do tema no Legislativo sem assumir a linha de frente do debate, evitando tanto o desgaste com a base governista quanto um confronto direto com o Congresso e o Judiciário.
Integrantes do Planalto ressaltam que não há decisão tomada e que qualquer avaliação dependerá do andamento do projeto no Senado e da reação da opinião pública.
Folha de Brasília, da Redação







