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Orçamento de 2026 já nasce com lacuna de R$ 20 bi, aponta Haddad

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Orçamento de 2026 já nasce com lacuna de R$ 20 bi, aponta Haddad

A afirmação do ministro Fernando Haddad de que o Orçamento de 2026 precisa de R$ 20 bilhões adicionais para ser fechado expõe mais uma vez a fragilidade estrutural das contas públicas brasileiras. O governo tenta manter a imagem de responsabilidade fiscal, mas o reconhecimento do buraco orçamentário confirma que o equilíbrio das contas permanece distante. A situação é agravada pela pressão de despesas obrigatórias, pelo ritmo lento de crescimento econômico e pela dificuldade em aprovar medidas estruturantes no Congresso. O orçamento de 2026, antes mesmo de ser finalizado, já nasce com a marca de insuficiência, o que sinaliza um ano de forte disputa política e fiscal.

Haddad tenta transmitir serenidade, mas a fala revela um impasse: ou o governo corta gastos — o que é politicamente difícil em ano pré-eleitoral — ou aprova novas receitas, enfrentando resistência de setores econômicos e parlamentares. A dependência de medidas extraordinárias para fechar as contas apenas reforça a percepção de que o arcabouço fiscal, embora apresentado como solução, ainda não entregou a previsibilidade prometida. Ao mesmo tempo, o esforço retórico de minimizar o problema não elimina a preocupação do mercado, que vê no déficit um alerta sobre a capacidade do governo de cumprir metas fiscais sem recorrer à criatividade contábil.

A necessidade de R$ 20 bilhões adicionais resume o desafio maior: o país vive preso entre pressões sociais legítimas e uma rigidez orçamentária que impede o Estado de investir de forma consistente. Sem reformas profundas, o governo seguirá negociando remendos a cada ano, transformando o Orçamento em uma sucessão de improvisos. A fala de Haddad não é apenas diagnóstico; é advertência. O Brasil entra em mais um ciclo fiscal tenso, em que cada decisão técnica terá impacto direto no ambiente político e na credibilidade econômica do país.

Da redação, Folha de Brasília.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil