0d7a4682
0d7a4682

Lula exalta conquistas, mas recorre aos movimentos sociais para compensar fragilidade no Congresso

0d7a4682

Lula exalta conquistas, mas recorre aos movimentos sociais para compensar fragilidade no Congresso

O presidente Lula voltou a destacar conquistas do governo e a reforçar a importância do diálogo permanente com os movimentos sociais, numa estratégia que busca consolidar sua base política fora do Congresso em meio a um cenário de tensões institucionais crescentes. Ao exaltar políticas de inclusão, investimentos sociais e programas de transferência de renda, Lula tenta reafirmar sua imagem de governante próximo das camadas populares. No entanto, o discurso também funciona como contraponto à resistência encontrada no Legislativo, onde pautas prioritárias do governo têm avançado lentamente ou sido descaracterizadas.

A ênfase no diálogo com movimentos sociais é, por um lado, coerente com a trajetória política de Lula; por outro, revela a dificuldade do governo em articular maiorias parlamentares estáveis. Ao fortalecer sua base social, o presidente envia mensagem clara ao Congresso: mesmo diante de recuos, vetos derrubados e disputas orçamentárias, não está isolado. Críticos afirmam que essa estratégia pode aprofundar a polarização, ao reforçar a impressão de que o governo aposta no ativismo social para compensar fragilidades institucionais. Já aliados enxergam na tática uma forma legítima de resistência frente a um Parlamento cada vez mais fragmentado e sensível a pressões corporativas.

O discurso, porém, não esconde os desafios. As conquistas citadas por Lula precisam se sustentar em resultados concretos: melhora de indicadores sociais, capacidade de execução de políticas públicas e coerência fiscal. Sem isso, o diálogo com movimentos sociais pode se transformar apenas em retórica mobilizadora, sem impacto profundo sobre a vida da população. O presidente tenta equilibrar simbolismo e governabilidade, mas o sucesso dessa estratégia dependerá de sua habilidade em transformar apoio popular em avanços reais. Em um país em que a rua e o Parlamento competem pelo protagonismo político, Lula sabe que precisa manter ambos em movimento.

Da redação, Folha de Brasília.

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil