Folha de Brasília

O São Paulo se encolhe na hora de ser grande

Dois jogos em casa. Duas decisões. Duas apresentações lamentáveis do São Paulo. Não há o que defender. Assim como o Cruzeiro, o Corinthians entrou em nosso estádio pronto para nos deixar com a bola e, caso aparecesse uma chance, marcar um gol. Nossa ofensividade mais uma vez foi colocada em cheque com outro jogo de muitos passes, cruzamentos errados e poucas finalizações de fato.

Em dois jogos seguidos, acho que consigo lembrar de apenas UMA boa oportunidade do São Paulo. E foi de Gilberto, já no segundo tempo da partida deste domingo. Pouco, muito pouco, para o tão falado melhor ataque do Brasil que tem se omitido nas grandes partidas até o momento.

Nos últimos dois jogos, tudo deu errado. Vamos falar sobre cada ponto.

Rogério Ceni precisa entender o que está fazendo. A defesa, principalmente contra o Corinthians, foi uma bagunça sem tamanho. Marcação frouxa dava espaço para o time rival toda hora, sem contar as muitas vezes que nossos meias e pontas não voltavam para a marcação. O primeiro gol sai em um vacilo desses, mas com Júnior Tavares. O segundo acontece quando Luiz Araújo deixa de acompanhar os laterais.

A facilidade com o que o adversário trocava bola nas poucas vezes que atacava era assustadora. E o São Paulo, passivo, não conseguia acompanhar, principalmente porque estava sempre com um jogador a menos para marcar. Até por isso que Jucilei, nosso volante mais recuado, teve uma atuação louvável e pode ser considerado o único que realmente jogou algo no Morumbi. Maicon, por outro lado, precisa fazer os 22 milhões investidos valerem a pena, pois hoje só tomou baile do pé-torto Jô.

No ataque, o São Paulo foi patético mais uma vez. Sem saber como entrar na retranca adversária pelo segundo jogo seguido, o time foi presa fácil para a marcação corintiana. Toques de lado e para trás aconteciam com uma frequência assustadora, dando pouca continuidade em diversas jogadas que poderiam ser perigosas. Para piorar, o time muitas vezes queria centralizar o ataque, ficando ainda mais fácil. Triangulações? Jogadas individuais? Ninguém viu.

O São Paulo simplesmente não tem um plano B, seja na defesa ou no ataque. Tivemos o campeonato inteiro para testar opções, criar diferentes padrões para várias situações, mas a equipe parece engessada na mesma tática testava desde o início, sem mudar uma única coisinha. As substituições não acrescentam ao jogo, isso quando não prejudicam o time. Rogério precisa melhorar nisso com urgência.

Os cruzamentos foram a pior parte, com certeza. O time abusou das bolas levantadas na área, mas nunca ia até a linha de fundo para isso. Apenas pegava a bola na intermediária e lançava para o bololô na área onde a zaga rival estava preparada, principalmente por saber da qualidade de Pratto e Gilberto nas bolas aéreas. Aí, para piorar, Rogério Ceni ainda vem exaltar o ataque tricolor porque o time teve mais posse de bola, mesmo ela sendo inútil, e abusando dos cruzamentos péssimos que nada ameaçavam o rival. E o treinador elogiou o repertório do time na entrevista coletiva. Piada, né?

Alguns jogadores também ficaram devendo muito nos últimos jogos. Maicon foi ridículo contra o Corinthians, errando tudo que era possível. Thiago Mendes e Cícero estavam parados no ataque e lentos na recomposição para a defesa. Luiz Araújo e Wellington Nem foram horríveis, sem conseguirem criar uma única chance perigosa e aumentando a saudade de David Neres, que arrebenta na Holanda. Por fim, Pratto se esforça, se esforça, se esforça e não consegue receber um passe decente. Complicado, muito complicado.

Se há alguma vantagem nas eliminações praticamente consolidadas nesta semana é o fato de agora o São Paulo talvez tenha tempo para treinar, se acertar, criar um repertório maior. Hoje é um arremedo de time e, para variar, muito covarde em campo.

Fonte: Espn