Ivonete Silva Gomes, de 24 anos, agredida a facadas pelo ex-namorado, na última sexta-feira (21), já havia sido ameaçada por ele anteriormente. Segundo uma amiga da vítima, ela temia “piorar a situação indo à polícia”.
A recomendação tanto da Polícia Civil quanto do Ministério Público é que as vítimas nunca se furtem do direito de registrar ocorrência. Quando existe situação de ameaça, perseguição e até agressão, os órgãos podem seguir na investigação mesmo que a vítima seja coagida a voltar atrás, por exemplo.
Relembre o caso
Ivonete Silva Gomes, 24 anos, era um corpo estirado ao chão, na última sexta-feira. Segundo testemunhas ouvidas pela polícia, ela teria sido esfaqueada nove vezes pelo ex-namorado, Lucas Silva Pinheiro, 20 anos, e quase morreu. Agora, se recupera no Hospital Regional do Paranoá enquanto seus conhecidos clamam por Justiça.
“Fui à farmácia e quando voltei eu vi a Ivonete caída e sangrando”, relata uma amiga, de 43 anos, que mora com a vítima, em uma casa no Itapoã. Ela diz conhecer o suposto agressor desde quando ele era garoto. “Antes disso, ele já tinha vindo há uns quatro dias lá em casa. Na ocasião, eu chamei a polícia e ele foi levado”, recorda-se.
A amiga ainda está assustada com a cena que presenciou, mas pede ajuda para encontrar o rapaz. “Se ele fez isso com ela, vai fazer isso com outra menina. Ele é novo, era a primeira namorada dele”, desabafa.
O crime foi considerado pela Divisão de Comunicação da Polícia Civil (Divicom) como feminicídio tentado e o suspeito ainda não foi localizado. De acordo com a ocorrência, Lucas Silva Pinheiro foi procurado em casa, no bairro do Boqueirão, no Itapoã, mas tem o paradeiro desconhecido.
Como a Secretaria de Saúde se diz impedida de informar sobre a saúde da vítima, a única informação a respeito é da amiga. De acordo com a mulher, Ivonete não consegue mexer as pernas e sente dores, mas o estado é considerado estável. A família da moça esfaqueada é do Maranhão, mas seu pai mora na Região Metropolitana do DF e acompanhou a filha ontem.
Números negativos
A Lei do Feminicídio (13.104/2015) foi criada há pouco mais de dois anos e tem ajudado a perceber o cenário de violência contra a mulher no Brasil. Entre 2015 e 2016, o DF teve aumento de quase 300% na quantidade de registros desse tipo de ocorrência. De cinco casos conhecidos pulou para 19.
No Itapoã, havia apenas uma tentativa e uma morte consumada até a ocorrência envolvendo Ivonete. A cidade mais violenta nesse aspecto é Ceilândia, com seis tentativas e quatro mortes.
Até o fechamento desta edição, o suspeito não havia sido encontrado e a polícia não tinha pistas sobre sua localização.
Saiba mais
No último Dia Internacional da Mulher, 8 de março, a PCDF divulgou novos protocolos de atendimento e investigações de feminicídios. Uma das mudanças mais significativas foi a obrigatoriedade de hospitais comunicarem à polícia casos de mulheres agredidas.
Jornal de Brasília