Menos de 48 horas após matar a tiros um adolescente de 15 anos em Planaltina, no Distrito Federal, durante um ato contra o aumento da gasolina, o frentista Wemerson dos Santos Feitosa foi solto do Centro de Detenção Provisória por decisão da juíza substituta Junia de Souza Antunes, da 11ª Vara de Justiça do DF.
O alvará de soltura foi emitido às 16h29 desta sexta-feira (13). O crime aconteceu às 19h59 de quarta (11).
Na decisão publicada na página do TJ não há informação sobre o que motivou a juíza a conceder a liberdade provisória ao frentista.
Ele foi preso em flagrante na noite do próprio crime. O garoto morreu no local, atingido por dois tiros – um deles disparado quando ele já estava caído no chão.
O frentista foi indiciado por homicídio qualificado (motivo fútil), com pena de 12 a 30 anos de prisão e porte ilegal de arma de fogo, cuja pena varia de três anos a seis anos. O revólver que foi apreendido tem a numeração raspada.
Protesto contra soltura
Familiares e amigos de Lucas Alves farão uma manifestação contra a soltura de Wemerson Feitosa neste domingo (15), às 14h, no centro de Planaltina.
Segundo o amigo do garoto Gilberto da Silva, que estava do lado dele no momento do crime, todos estão “muito decepcionados” com o alvará de soltura concedido pela Justiça, principalmente os pais do garoto. Ele também disse que o frentista não tem estabilidade psicológica para estar livre.
“Estamos arrasados. Isso é muito decepcionante, mas nós não vamos deixar assim, não. Vamos protestar pelo Lucas e por justiça. Todo mundo viu o vídeo, todo mundo viu que foi ele. Uma pessoa dessas não tem condições de estar livre na rua.”
Crime
O jovem integrava um grupo que, após mobilização pacífica em rede social, pedia a motoristas para abastecer R$ 0,50, pagar no cartão de crédito e pedir a nota fiscal. Em Brasília, o litro do combustível passou de R$ 3,19 para R$ 3,39 na maioria dos estabelecimentos na última semana.
Enterro de Lucas Luz
Cerca de 50 pessoas haviam parado os carros no posto durante o ato. Segundo testemunhas, o frentista se irritou com o protesto e, no terceiro automóvel, em vez de R$ 0,50, colocou R$ 50 de gasolina. Além disso, o homem teria se negado a abastecer os outros carros.
O grupo começou então a juntar o dinheiro para pagar os R$ 50. A discussão continuou e o frentista sacou o revólver 38 que levava na mochila e disparando contra o garoto.
Policiais que passavam em patrulhamento ouviram os disparos e prenderam o homem em flagrante. Com 26 anos, ele não tinha passagem pela polícia e disse que andava com a arma por se sentir inseguro para trabalhar à noite.
À polícia, o frentista disse que se sentiu coagido pelos manifestantes e afirmou não se arrepender do crime, afirmou o delegado Julio Cesar de Oliveira. Diante de jornalistas, no entanto, o suspeito se manteve calado.
A direção do posto informou que não vai se pronunciar sobre o caso. Funcionários que não quiseram se identificar afirmaram ao G1 que o frentista ainda estava em período de experiência.
“A família está estraçalhada. O pai, a mãe, os três irmãos. Era um jovem alegre, muito ligado à família e cheio de sonhos”, afirmou o tio-avô de Lucas, Cosmo Roberto, durante o enterro do jovem.