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A Morte do discurso político

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A Morte do discurso político

Vivemos tempos em que a superficialidade domina as esferas da comunicação e do discurso político. A criatividade e o preparo, que outrora foram os pilares dessa forma de expressão, parecem hoje sufocados pela falta de profundidade intelectual e pela ausência de pensamento genuíno. Ideias são frequentemente recicladas e padronizadas por políticos e aspirantes, enquanto a originalidade cede lugar ao despreparo e à repetição de clichês vazios. Essa crise se manifesta na construção de argumentos frágeis, que desvalorizam o potencial transformador da palavra no contexto político.

Além do despreparo, a falta de desejo por causas mais nobres agrava o cenário. O discurso, que deveria ser uma ferramenta de mobilização e inspiração, transformou-se em um instrumento de autopromoção e interesses egoístas. A paixão por ideais elevados, como justiça, igualdade e inovação, foi substituída por uma busca incessante por popularidade e validação nas redes sociais. Essa lacuna moral e intelectual empobrece o debate público, afastando-nos de soluções concretas para os desafios que enfrentamos enquanto sociedade.

Por fim, a obsessão pela beleza forçada contribui para a morte da autenticidade. Vivemos em um mundo onde a aparência muitas vezes vale mais do que a essência, e isso afeta também a construção do discurso. Palavras são adornadas com floreios artificiais, mas carecem de substância e verdade. Essa prioridade à forma em detrimento do conteúdo transforma a comunicação política em um espetáculo vazio, no qual o impacto visual supera a profundidade reflexiva. Assim, a criatividade e a autenticidade, pilares de um discurso significativo, são enterradas sob camadas de vaidade e conveniência.

Cristovão Pinheiro é um estrategista político brasileiro com mais de duas décadas de experiência em marketing político. Ao longo de sua carreira, ele participou de diversas campanhas eleitorais bem-sucedidas, demonstrando uma profunda compreensão do cenário político nacional.