O Brasil e a Califórnia firmaram um memorando de entendimento para cooperação em ações climáticas, com foco em mitigação de emissões, transição energética e compartilhamento de tecnologias verdes. A iniciativa foi celebrada como marco diplomático, mas expõe limitações concretas: sem mecanismos de monitoramento, metas vinculantes ou sanções, o acordo corre o risco de ser mais simbólico do que efetivo.
Enquanto a Califórnia já possui estrutura regulatória e recursos robustos, o Brasil enfrenta desafios internos urgentes, como desmatamento, fragilidade de fiscalização e insegurança regulatória. Nesse cenário, o país pode se tornar apenas receptor de discursos e promessas, sem garantir contrapartidas reais para suas comunidades e biomas mais pressionados. O risco é repetir padrões históricos de cooperação assimétrica, onde a imagem internacional pesa mais do que os resultados locais.
O pacto, portanto, precisa ser acompanhado de políticas domésticas fortes. Sem legislação consistente, financiamento adequado e participação comunitária, o Brasil continuará dependente de vitrines externas enquanto falha em proteger sua própria base socioambiental. A diplomacia verde só terá sentido se refletir em mudanças reais para quem sofre os impactos da crise climática no território nacional.
Da Redação, Folha de Brasília
Foto: Fernando Donasci/MMA