Foto: Julia Prado/MS
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Apenas 4 estados aplicaram todas as doses da vacina contra a mpox, revela pesquisa

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Apenas 4 estados aplicaram todas as doses da vacina contra a mpox, revela pesquisa

Em 2023, apenas quatro estados brasileiros — Pará, Pernambuco, Sergipe e Tocantins — conseguiram aplicar todas as doses da vacina contra a mpox recebidas do Ministério da Saúde. No total, o governo distribuiu 48.052 doses para os estados, das quais apenas 29.913 foram administradas, correspondendo a cerca de 62% do total. Estados como Piauí, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Maranhão não chegaram a utilizar nem metade do estoque de imunizantes que receberam.

Alguns estados, como Bahia, Mato Grosso do Sul e Rondônia, não apresentaram dados sobre a quantidade de doses administradas ao público-alvo, impossibilitando o cálculo da cobertura vacinal. O Ministério da Saúde adquiriu 49 mil doses em 2023, porém parte desse estoque foi direcionada a instituições de pesquisa e ao Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS). Em 2024, a pasta não dispõe mais de doses para distribuição, mas aguarda um novo lote em breve.

Diversos fatores dificultaram o sucesso da campanha de vacinação, segundo especialistas. A infectologista Maria Felipe Medeiros destaca a falta de planejamento adequado, campanhas de conscientização ineficazes e a demora na ampliação do acesso à vacina para grupos mais vulneráveis. Adicionalmente, o foco inicial em um público restrito e a ausência de uma comunicação clara também comprometeram a cobertura vacinal.

Outro desafio mencionado é a dependência global da vacina produzida pela empresa Bavarian Nordic, o que limita o controle do surto em várias partes do mundo. A alta demanda e o custo elevado das doses dificultam a obtenção de vacinas, especialmente para países com recursos limitados. A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) está em negociação com o fornecedor para adquirir mais 25 mil doses e apoiar os países americanos na contenção da doença.

Por fim, apesar da expectativa por novas remessas, o Ministério da Saúde afirma que futuras estratégias de vacinação podem precisar ser ajustadas, considerando a situação epidemiológica global e as orientações do Comitê Técnico Assessor de Imunizações. Entretanto, especialistas acreditam que o número de doses esperadas ainda é insuficiente para cobrir a demanda atual, especialmente entre grupos prioritários, como pessoas vivendo com HIV e usuários de PrEP.