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Brasília: mais de 105 dias sem chuva, a capital seca e o descaso político

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Brasília: mais de 105 dias sem chuva, a capital seca e o descaso político

Brasília ultrapassou a marca de 105 dias sem chuva, vivendo uma das estiagens mais severas dos últimos anos. A paisagem árida e a umidade do ar em níveis críticos não são apenas fenômenos naturais, mas sintomas de um problema estrutural: a incapacidade histórica dos governos de tratar a questão climática e hídrica como prioridade. O discurso oficial ainda insiste em classificar o período como “estação seca”, mas a realidade é de colapso ambiental anunciado, com impactos diretos na saúde da população e no abastecimento de água.

A seca em Brasília não é novidade, e justamente por isso não deveria mais ser surpresa. Faltam investimentos consistentes em políticas de preservação ambiental, reflorestamento, manejo sustentável do Cerrado e ampliação da capacidade de armazenamento hídrico. O que vemos, em vez disso, são campanhas pontuais de conscientização, que responsabilizam apenas o cidadão pelo consumo de água, enquanto o Estado falha em oferecer soluções de longo prazo. A cada estiagem, repete-se o mesmo ciclo: alerta, improviso e esquecimento.

O desafio não é apenas sobreviver à seca, mas aprender a conviver com ela de forma inteligente. Brasília, que se orgulha de ser capital política do país, deveria ser exemplo em sustentabilidade e inovação na gestão dos recursos hídricos. No entanto, sem planejamento e sem vontade política, a cidade corre o risco de se transformar em símbolo da contradição: um centro de decisões nacionais incapaz de resolver seus próprios dilemas ambientais. O futuro da capital depende da coragem de seus governantes em transformar a crise em ação real, e não em mais uma manchete de tragédia anunciada.

Da redação, Folha de Brasília

Foto: TV Globo/Reprodução