O Washington Post anunciou que mais de 250 mil leitores cancelaram suas assinaturas desde que o jornal declarou, na semana passada, que não faria endossos na corrida presidencial. A decisão, comunicada pelo editor Will Lewis, resultou em uma perda de cerca de 10% dos assinantes digitais até a terça-feira (29), conforme relatado pelo próprio jornal. Esse número, no entanto, não inclui novos assinantes ou aqueles que retornaram após o anúncio.
A reação dos leitores foi imediata e intensa, com diversas figuras públicas e ex-funcionários expressando sua insatisfação nas redes sociais. Entre os críticos estava o ex-editor executivo Marty Baron, que chamou a decisão de “covarde”, sugerindo que o bilionário Jeff Bezos, proprietário do Post, estava tentando evitar conflitos com uma possível segunda administração de Donald Trump. Informações indicam que um endosso a Kamala Harris havia sido previamente redigido, mas foi cancelado por Bezos.
Diante da onda de cancelamentos e das renúncias de três membros do conselho editorial, Bezos tentou apaziguar a situação com um artigo de opinião onde reconheceu que o timing da decisão havia alimentado especulações sobre suas intenções. Ele admitiu que desejava que a mudança tivesse ocorrido mais cedo, longe das emoções da eleição, e destacou a complexidade gerada por sua propriedade da Amazon e da Blue Origin.
Bezos também se esforçou para esclarecer que não houve nenhuma consulta a candidatos ou suas campanhas sobre a decisão de não endossar. Ele argumentou que o fim dos endossos presidenciais busca restaurar a confiança dos leitores, enfatizando que essas práticas criam uma percepção de parcialidade e comprometem a independência do jornal. Para ele, a medida é uma escolha fundamentada em princípios e, portanto, a correta.