A aprovação do Cartão Uniforme Escolar pela Câmara Legislativa do Distrito Federal foi celebrada como medida para modernizar a forma como famílias acessam os uniformes de seus filhos. Com a gestão a cargo do BRB, o cartão promete facilitar a compra direta pelos responsáveis, ajustando os valores conforme o custo médio dos itens no mercado. À primeira vista, parece um avanço no sentido da praticidade e da transparência. Mas é preciso olhar além do discurso oficial: será essa medida realmente transformadora ou apenas mais um projeto que resolve sintomas sem atacar as causas estruturais?
O maior problema do acesso à educação pública no DF não está na compra do uniforme, mas nas carências históricas de infraestrutura, qualidade pedagógica e valorização dos profissionais. Garantir que o estudante tenha roupa padronizada é importante para a igualdade simbólica em sala de aula, mas não responde à urgência de escolas sem manutenção adequada, falta de professores ou materiais pedagógicos insuficientes. Há risco de transformar a política educacional em mera gestão de consumo, desviando o foco do que realmente importa para a formação das crianças e adolescentes.
Além disso, entregar a gestão ao BRB reforça a tendência de usar estatais locais como vitrine política, mais interessadas em demonstrar eficiência administrativa do que em discutir soluções estruturais. Se o Cartão Uniforme Escolar não vier acompanhado de monitoramento de impacto real — avaliando se de fato reduz custos, evita desvios e melhora a experiência do aluno —, corre o risco de virar mais um projeto de fachada: moderno no discurso, mas limitado na prática. A educação do DF precisa de políticas ousadas e estruturais, não apenas de cartões que maquiam velhas deficiências.
Da redação, Folha de Brasília
Foto: CB/D.A Press
