A retirada à força do deputado Glauber Braga após ocupar a mesa diretora da Câmara dos Deputados expõe, mais uma vez, o grau de deterioração do ambiente político no Parlamento brasileiro. O episódio, que deveria ser exceção, tornou-se sintoma de um cenário em que debates são substituídos por confrontos performáticos e gestos extremos. Ao ocupar a mesa, Glauber buscava expressar resistência a decisões da presidência da Casa, mas o ato — e a reação muscular da segurança — revelam um Legislativo cada vez mais dominado pela radicalização e pela incapacidade de construir processos deliberativos minimamente civilizados.
A postura da Mesa Diretora ao ordenar a remoção imediata gera questionamentos sobre proporcionalidade e respeito às prerrogativas parlamentares. Se, por um lado, a ordem interna precisa ser preservada, por outro, o uso de força física contra um deputado eleito expõe limites nebulosos entre autoridade e abuso. O que deveria ser solucionado politicamente acabou transformado em espetáculo institucional, com imagens que reforçam a percepção de um Congresso que reage à contestação com truculência, enquanto falha em promover diálogo e mediação.
O episódio também revela a crescente tensão entre parlamentares e a presidência da Câmara, marcada por acusações de autoritarismo, decisões concentradoras e dificuldade de convivência democrática. Quando um deputado ocupa a mesa e quando a segurança responde com força, o problema já não é o conflito pontual, mas o colapso de um ambiente político capaz de absorver divergências sem descambar para a violência simbólica ou física. O caso de Glauber Braga é mais um alerta: um Parlamento que perde a capacidade de debate perde, também, sua legitimidade como espaço de representação democrática.
Da redação, Folha de Brasília.
Foto: Deputado Glauber Braga/Facebook







