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CMN simplifica crédito rural a populações tradicionais e extrativistas

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CMN simplifica crédito rural a populações tradicionais e extrativistas

A decisão do Conselho Monetário Nacional de simplificar as regras para concessão de crédito rural a populações tradicionais, extrativistas e pescadores artesanais representa um avanço civilizatório na política agrícola brasileira. Ao adaptar as normas à realidade de comunidades que vivem em terras coletivas e em áreas de preservação, o governo corrige uma distorção histórica: exigir dos pequenos o mesmo rigor burocrático imposto aos grandes produtores.

A medida permite que agricultores familiares e extrativistas acessem crédito mesmo sem o Cadastro Ambiental Rural individual, um requisito que, até agora, excluía milhares de famílias do sistema financeiro oficial. Trata-se de uma correção necessária, que reconhece a complexidade do Brasil rural — diverso, comunitário e, muitas vezes, invisibilizado pelas estruturas tradicionais de financiamento. No entanto, a simplificação, por si só, não garante resultados. Sem apoio técnico, canais de comercialização e programas de capacitação, o crédito pode se transformar em endividamento, e não em desenvolvimento.

O CMN dá um passo importante ao desburocratizar o acesso. Mas o verdadeiro desafio está em transformar o crédito em instrumento de autonomia, sustentabilidade e inclusão produtiva. O campo brasileiro precisa de políticas que fortaleçam as comunidades e protejam o meio ambiente, não apenas de medidas paliativas. Se bem executada, essa resolução poderá representar um marco na integração entre economia e justiça social. Caso contrário, será apenas mais uma boa intenção perdida na burocracia.

Da Redação, Folha de Brasília

Foto: Arquivo/Agência Brasil