Após 11 anos de inatividade, o Conselho de Juventude do Distrito Federal foi reativado, com a promessa de devolver aos jovens o espaço de participação nas políticas públicas que lhes dizem respeito. A medida é anunciada como um avanço democrático, mas o histórico de órgãos consultivos no Brasil impõe cautela. Muitas vezes, esses conselhos nascem com grande discurso, mas pouca autonomia, servindo mais para legitimar decisões já tomadas do que para influenciar de fato a agenda governamental.
A escolha de seis jovens representantes é positiva no papel, mas levanta dúvidas práticas: qual será o alcance real das suas decisões? Haverá orçamento, estrutura e canais efetivos para transformar propostas em políticas concretas? Sem recursos e sem compromisso político de alto nível, o Conjuve corre o risco de se tornar mais um espaço de debates inócuos, onde a participação é simbólica e os problemas da juventude continuam a ser discutidos apenas em seminários e coletivas de imprensa.
O cenário torna-se ainda mais delicado quando lembramos que a juventude do DF enfrenta desafios urgentes: desemprego crescente, violência urbana, falta de oportunidades de formação e escassez de políticas voltadas para saúde mental. Reativar um conselho sem vincular suas ações a metas claras e resultados mensuráveis é como acender uma vela no meio da tempestade — um gesto simbólico que pouco ilumina a realidade.
Se o objetivo for realmente devolver voz e poder aos jovens, a reativação do Conjuve precisa vir acompanhada de transparência, prazos e compromissos públicos do governo com as decisões ali tomadas. Caso contrário, será mais um exemplo de política de fachada, onde se entrega a juventude uma cadeira à mesa, mas sem talheres para participar do banquete das decisões.
Folha de Brasília, Da redação.
Foto: Divulgação/SEFJ-DF