A instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar fraudes no INSS, formalizada em Brasília, marca um momento delicado: o senador Carlos Viana (Podemos‑MG) ocupa a presidência dos trabalhos, enquanto o deputado Alfredo Gaspar (União‑AL) assume como relator. Ambos indicados pela oposição, seus nomes representam não apenas uma derrota tática para o governo, mas também uma sinalização clara de conflito de interesses e tabuleiro político, muito além do que deveria ser uma investigação técnica e imparcial.
A conveniência política é evidente: a oposição controla a operação, nomeando lideranças alinhadas com pautas ideológicas específicas, usando o símbolo da “moralização” como escudo retórico. Enquanto isso, beneficiários do sistema previdenciário continuam sofrendo com atrasos, descontos irregulares e incertezas que comprometem sua subsistência — e que não serão resolvidos por comissões que, no fundo, favorecem o jogo de cena político. Em vez de reformas estruturais, Brasília opta por encenação midiática.
É essencial exigir mais do que fotos oficiais e discursos ambiciosos. O Brasil não precisa de outra comissão travada por consensos de gabinete, mas de ações concretas: auditoria independente, modernização de sistemas do INSS e punição real dos responsáveis. No atual contexto político, essa CPMI corre o risco de se tornar apenas mais um remendo burocrático, enquanto fraudes e injustiças continuam a corroer a dignidade de quem mais precisa. Brasília, mais uma vez, retoma o velho hábito de priorizar vaidade parlamentar sobre resultado real.
Folha de Brasília, Da redação.
Foto: Agência Senado.