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CPMI do INSS: depoimento expõe fraudes e fragilidades do Estado

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CPMI do INSS: depoimento expõe fraudes e fragilidades do Estado

O depoimento do advogado Eli Cohen à CPMI do INSS trouxe à tona a dimensão do escândalo das mensalidades associativas descontadas indevidamente de aposentados e pensionistas. Ao relatar como identificou o esquema, Cohen mostrou que não se trata de um caso isolado, mas de uma prática sistemática que movimentou bilhões de reais à sombra da fragilidade dos sistemas de controle. A investigação revela não apenas a ação criminosa de entidades e empresas, mas, sobretudo, a omissão do Estado em proteger cidadãos que dedicaram a vida inteira a contribuir para a Previdência.

O caso deixa claro como a máquina pública brasileira ainda é vulnerável à captura por interesses privados. As fraudes só prosperaram porque os mecanismos de auditoria, transparência e fiscalização falharam repetidamente. Ao ouvir um dos primeiros a denunciar o esquema, a CPMI ganha a oportunidade de virar a chave: sair do embate político entre governo e oposição e assumir sua responsabilidade de propor soluções concretas para que aposentados não sejam novamente vítimas de roubo institucionalizado.

O desafio agora é transformar denúncias em reformas. O país não precisa apenas punir culpados, mas garantir transparência digital, auditorias permanentes e ressarcimento rápido às vítimas. Se a CPMI se perder em disputas narrativas, será apenas mais um palco de confrontos partidários. Mas se agir com seriedade, pode deixar um legado de proteção efetiva para milhões de brasileiros que, ao final da vida, merecem respeito e segurança — e não a humilhação de ver seus benefícios servindo de combustível para fraudes.

Da redação, Folha de Brasília

Foto: Joédson Alves/Agência Brasil