A recém-instalada CPMI do INSS busca investigar um dos maiores escândalos sociais recentes: descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas. O esquema teria lesado mais de 4 milhões de brasileiros, movimentando cerca de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, revelando não só a atuação criminosa de grupos organizados, mas também a vulnerabilidade estrutural do sistema previdenciário.
No Congresso, porém, a comissão já nasce cercada por disputas políticas. A oposição concentra esforços em quebras de sigilo e convocações de nomes ligados ao governo, enquanto a base tenta blindar aliados e assumir o mérito por medidas corretivas. O risco evidente é que a CPMI se transforme em um palco de narrativas partidárias, desviando o foco da real missão: responsabilizar culpados e proteger aposentados.
Mais do que buscar culpados, a comissão precisa apontar soluções para prevenção, transparência e ressarcimento rápido das vítimas. Se conseguir agir com independência e foco técnico, pode se tornar um marco de fortalecimento da Previdência. Caso contrário, ficará registrada apenas como mais um episódio em que interesses políticos falaram mais alto do que a defesa dos mais vulneráveis.
Da redação, Folha de Brasília.
Foto: Agência Senado.