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CPMI do INSS expõe falhas estruturais e revela jogo de empurra entre gestões

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CPMI do INSS expõe falhas estruturais e revela jogo de empurra entre gestões

A oitiva do ex-ministro da Previdência José Carlos Oliveira na CPMI do INSS trouxe à tona o que já se sabia: o sistema previdenciário brasileiro continua vulnerável a fraudes, irregularidades e à ineficiência administrativa. O depoimento, repleto de justificativas técnicas e de acusações veladas a gestões anteriores, reforça a percepção de que o problema é menos de conhecimento e mais de vontade política. Todos sabem onde estão as brechas, mas poucos têm coragem de enfrentá-las de forma estrutural.

As fraudes no INSS não são novidade. A cada nova comissão, repete-se a mesma ladainha: quadrilhas especializadas, servidores cúmplices, ausência de fiscalização, demora em processos e tecnologia defasada. Enquanto isso, milhões de brasileiros que dependem de aposentadorias e benefícios vivem o drama da espera interminável, pagando a conta de um sistema que parece projetado para funcionar mal. O depoimento do ex-ministro, ao tentar se eximir de responsabilidades diretas, ilustra o clássico jogo de empurra: cada gestão aponta os erros da anterior, sem que nenhuma assuma o compromisso de romper o ciclo.

A CPMI tem o mérito de lançar luz sobre o tema, mas precisa evitar o risco de se transformar em espetáculo político. Investigar fraudes no INSS é tarefa urgente, mas só terá credibilidade se resultar em propostas concretas: modernização tecnológica, fiscalização independente, punição exemplar aos fraudadores e transparência no atendimento ao cidadão. Sem isso, continuará sendo mais uma comissão ruidosa e estéril, que produz manchetes momentâneas mas deixa intacto o caos previdenciário. O Brasil não precisa apenas de diagnósticos; precisa de coragem para reformar de verdade um sistema que é pilar da proteção social, mas que vem sendo corroído por negligência e oportunismo político.

Da redação, Folha de Brasília

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil