BRASÍLIA – A rede pública de saúde do Distrito Federal enfrenta gargalos em áreas essenciais, segundo levantamento com base em dados oficiais e relatos de entidades médicas. Faltam profissionais, há demora no atendimento básico e o tratamento oncológico registra espera acima do limite previsto por lei.
De acordo com o Conselho Regional de Medicina do DF (CRM-DF), cerca de 62% dos usuários relatam dificuldade para obter atendimento por falta de médicos ou equipe incompleta. “Sem profissionais e estrutura, não há SUS que resista”, afirmou a presidente da entidade, Lívia Ribeiro.
Na atenção básica, os principais problemas estão ligados à demora para consultas e à carência de estrutura nas unidades. Segundo pesquisa de satisfação da própria Secretaria de Saúde do DF, 34% dos entrevistados apontaram tempos de espera considerados altos, e quase 30% reclamaram da falta de insumos ou equipamentos.
Na oncologia, pacientes relatam espera de até 80 dias para início do tratamento, superando os 60 dias máximos determinados pela Lei nº 12.732/2012. A Secretaria de Saúde diz que trabalha para acelerar a fila, mas não divulgou dados atualizados sobre o tempo médio de atendimento.
A saúde mental também apresenta falhas. Segundo relatório de movimentos sociais, o DF mantém práticas consideradas manicomiais, com internações prolongadas e unidades hospitalares psiquiátricas que deveriam estar desativadas.
Apesar dos problemas, o orçamento da Secretaria de Saúde superou R$ 10,4 bilhões em 2025, segundo dados do Portal da Transparência. Especialistas afirmam que há ineficiência na aplicação dos recursos e falta de pessoal devido à ausência de concursos públicos.
A pasta informou, por nota, que novas contratações estão em análise e que medidas de reestruturação estão em curso. O governo do DF também anunciou a ampliação dos painéis de monitoramento para gestores locais.

Folha de Brasília, Da redação
Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília