Cristovão Pinheiro, especialista em Marketing Político
Cristovão Pinheiro, especialista em Marketing Político
Cristovão Pinheiro, especialista em Marketing Político

Cristovão Pinheiro fala sobre intolerância política

Cristovão Pinheiro, especialista em Marketing Político

Cristovão Pinheiro fala sobre intolerância política

A Folha de Brasília entrevistou Cristovão Pinheiro, especialista em Marketing Político e atuante na área há mais de 20 anos. Levando em consideração o atual cenário brasileiro, a conversa girou em torno do crescimento da intolerância política.

FOLHA: Cristovão, antes de iniciar nossa conversa, gostaríamos de agradecer pela sua disponibilidade para com a Folha de Brasília. Entendemos a importância que é discutir sobre assuntos como esse e levar material de qualidade para o nosso público.

CRISTOVÃO PINHEIRO: De fato é necessário enfrentarmos a realidade do nosso país e falar abertamente sobre isso. Fico grato pelo convite e espero contribuir positivamente.

FOLHA: Levando em consideração a sua experiência e visão situacional da atualidade, qual sua percepção geral sobre a intolerância política?

CRISTOVÃO PINHEIRO: Nos últimos tempos tenho notado que a intolerância política chega a beirar a intolerância religiosa, me parece que as pessoas estão mais preocupadas em defender cegamente os candidatos atuais do que, de fato, participar do processo política de forma democrática e centrada.

FOLHA: E como o cidadão consegue perceber e distinguir o que é intolerância política ou não?

CRISTOVÃO PINHEIRO: A intolerância se tornou tão “normal” que chega até, para algumas pessoas, ser difícil de distinguir o que é intolerância ou não, mas na verdade, é mais fácil de perceber do que se imagina. Quando você encontrar alguém com um discurso sem propostas, embates pobres de ideias e fanatismo desenfreado, pode ter certeza que a intolerância está presente. Quando alguém decide apoiar cegamente um político e não consegue admitir que existem prós e contras em todo o processo de escolha de um representante, observe, lá está a intolerância.

FOLHA: Você acredita que a intolerância vem crescendo de forma desordenada desde quando? Ou sempre foi assim e nós que não enxergávamos?

CRISTOVÃO PINHEIRO: Desde que a política existe a intolerância a acompanha, mas nos últimos anos é notável o crescimento desenfreado e exponencial quando o assunto é intolerância política, isso se deve, principalmente, às redes sociais e a facilidade que elas dão quando o assunto é a disseminação de informações e opiniões. As Fake News, o ódio gratuito e a mania de falar muito sobre o que não se sabe ajuda na criação de legiões de fanáticos políticos. Além disso, existem também os intolerantes que não aceitam a política e não desejam participar do processo político, aqueles que tem função única e exclusiva de reclamar. E daí começa uma replicação em massa onde de um lado estão os fanáticos e do outro os que atiram pedras na política, mas não desejam participar do processo, o que na minha opinião, é hipocrisia.

FOLHA: Cristovão, e quais são, de fato, os resultados práticos da intolerância?

CRISTOVÃO PINHEIRO: Quando a intolerância é o que há de maior valor ou evidência na política, está claro que as escolhas do povo estão sendo as piores. Com isso temos: o enfraquecimento da democracia, a falta de participação ativa no processo político, o orgulho tomando o espaço da razão e a evidenciada pobreza política em ascensão, isso sem contar com os embates pessoais que acabam por ferir muitos de física e psicologicamente.

FOLHA: Qual conselho você daria a quem está imerso no meio político e vivenciando essas situações?

CRISTOVÃO PINHEIRO: Para quem vive no meio político ou quer se inserir de alguma forma eu costumo dizer que a política é a arte de engolir sapo. Apesar de parecer cômico, a realidade é essa, antes de emitir opiniões rasas e muitas vezes agressivas, é necessário ouvir o outro e entender os prós e contras em todo o processo democrático.