O Governo do Distrito Federal reinaugurou a 10ª Delegacia de Polícia do Lago Sul, após um investimento de R$ 4,9 milhões e uma ampliação de mais de 60% da estrutura. A obra, que inclui novas salas de atendimento, espaços de acolhimento especializado e funcionamento 24 horas, foi celebrada como avanço na segurança pública. Mas a pergunta que não pode ser evitada é: trata-se de uma política consistente de segurança ou de mais um investimento seletivo em uma área privilegiada?
Enquanto o Lago Sul recebe delegacia ampliada e modernizada, regiões periféricas de Brasília — onde a violência é mais intensa e a população depende quase exclusivamente da polícia — continuam convivendo com delegacias sucateadas, falta de efetivo e atendimento precário. O contraste expõe uma lógica perversa: mais recursos para áreas ricas, menos atenção para comunidades vulneráveis. É o velho desequilíbrio que alimenta desigualdades sociais e regionais na capital.
Segurança pública não se faz apenas com prédios novos e salas climatizadas, mas com planejamento estratégico, presença efetiva do Estado e valorização dos profissionais que arriscam a vida todos os dias. A reinauguração da 10ª DP pode até gerar manchetes positivas, mas se não for acompanhada de uma política ampla de fortalecimento da segurança em todo o Distrito Federal, será apenas uma vitrine cara no bairro mais nobre da cidade — uma obra que atende mais ao marketing político do que às reais necessidades da população.
Da redação, Folha de Brasília
Fotos: Renato Alves/Agência Brasília