Durante seminário realizado em Brasília, um especialista em políticas públicas destacou que a educação no Brasil ainda funciona mais como herança de classe do que como direito universal. Segundo a análise, filhos de famílias ricas continuam tendo acesso a escolas de qualidade, enquanto milhões de jovens das classes populares enfrentam precariedade estrutural, déficit de professores e ausência de oportunidades que garantam igualdade de condições.
A crítica aponta que, embora a Constituição de 1988 assegure a educação como direito fundamental, na prática ela ainda se apresenta como um filtro social. A seletividade no acesso às universidades públicas, a falta de investimentos consistentes na educação básica e a desigualdade entre regiões reproduzem ciclos históricos de exclusão. Assim, o sistema educacional brasileiro, em vez de ser um mecanismo de mobilidade social, reforça as distâncias entre ricos e pobres.
O desafio, segundo o especialista, é transformar a escola pública em espaço de excelência, capaz de garantir não apenas acesso, mas permanência e qualidade. Sem políticas de longo prazo que envolvam financiamento robusto, formação docente e valorização da comunidade escolar, a educação continuará sendo um marcador de desigualdade. Torná-la direito de fato e não privilégio é condição essencial para qualquer projeto de nação democrática.
Da Redação, Folha de Brasília
Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil