Foto Lula Marques/ Agência Brasil.
Foto Lula Marques/ Agência Brasil.

‘Ele tem autonomia’, diz Bolsonaro ao ser questionado sobre venda de joias por Mauro Cid

Na sexta-feira, dia 18, o ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL, informou ao jornal ‘O Estado de S.Paulo’ que o tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-auxiliar de ordens, possui “autonomia”, quando questionado a respeito das joias que foram recebidas pela Presidência da República e que supostamente foram ilegalmente comercializadas por Cid.

Bolsonaro afirmou ao jornal: “Ele possui, como está mencionado na matéria da ‘Folha’, autonomia. Eu não teria dado instruções para alguém efetuar vendas.”

No dia anterior, quinta-feira, 17, o advogado de Mauro Cid, Cezar Bittencourt, comunicou que seu cliente irá alegar que vendeu as joias nos Estados Unidos a pedido de Bolsonaro e que entregou o montante ao ex-presidente. Inicialmente, essa informação foi publicada pela revista “Veja” e posteriormente confirmada pela TV Globo, também por meio do advogado. Hoje, sexta-feira, Bittencourt acrescentou à GloboNews que estava se referindo apenas ao relógio Rolex.

Indagado se Cid agiu “por iniciativa própria”, Bolsonaro respondeu: “Joias são consideradas pessoais. São propriedade do presidente. Pelo menos até 2021.”

Desde maio, Mauro Cid se encontra detido devido às suspeitas de ter participado de uma ação para falsificar os registros de vacinação de Bolsonaro e seus familiares, visando facilitar sua entrada nos Estados Unidos.

O tenente-coronel atuou como um dos principais confidentes do então presidente durante todo o seu mandato.

Conforme reportagem apresentada pelo Jornal Nacional, Cid fez uma tentativa de vender um relógio da marca Rolex, avaliado em US$ 60 mil, conforme apontado em um relatório da Polícia Federal. O número de série desse relógio é o mesmo daquele recebido pelo governo brasileiro como um presente oficial.

De acordo com as observações do Tribunal de Contas da União, os presentes recebidos deveriam ser incorporados ao patrimônio da União, ao invés de serem comercializados como bens pessoais.

Em uma entrevista ao programa Estúdio I, da GloboNews, na sexta-feira, o advogado de Mauro Cid declarou que seu cliente não fará uma confissão, mas sim dará “esclarecimentos” sobre a venda do relógio recebido pela comitiva do ex-presidente Jair Bolsonaro durante uma viagem ao Oriente Médio.

De acordo com Cezar Bittencourt, Cid apenas tratou da venda do Rolex e não teve envolvimento com outras joias que estão sob investigação da Polícia Federal.

Bolsonaro também expressou sua disposição para participar de um eventual confronto de depoimentos com o hacker Walter Delgatti Neto, que está sob prisão da Polícia Federal. Em seu testemunho perante a CPI dos Atos Golpistas do Congresso Nacional no dia 17, Delgatti afirmou, entre outros pontos, que Bolsonaro o instruiu a orientar funcionários do Ministério da Defesa sobre como poderia ocorrer uma possível adulteração no código-fonte das urnas eletrônicas, além de assegurar-lhe que seria beneficiado com indulto em caso de detenção.

Na sexta-feira, Delgatti prestou novo depoimento à Polícia Federal e, de acordo com seu advogado, reiterou aos agentes o que tinha relatado aos membros da CPI. Perguntado sobre a possibilidade de um confronto de depoimentos, Bolsonaro afirmou que sim.

Bolsonaro ponderou: “Por que realizar um confronto de depoimentos? Veja bem, é necessário cautela. Na CPI, o passado dele foi exposto, revelando um histórico de práticas fraudulentas. Um confronto deve ocorrer em pontos cruciais. É apenas a palavra dele contra tudo? Vale lembrar que ele está sob prisão. Segundo o que li na imprensa, ele não deseja fazer delação, mas sim ingressar no programa de proteção a testemunhas. […] Confronto de depoimentos? Se for necessário, nós faremos”, declarou Bolsonaro.

Fonte: G1