Projeto de lei em tramitação no Congresso prevê salários de até R$ 37 mil no TCU, escancarando a contradição entre o discurso de austeridade fiscal e os privilégios do alto funcionalismo.
Em meio a discursos sobre responsabilidade fiscal e contenção de gastos, o Tribunal de Contas da União (TCU) propôs um novo plano de carreira que prevê salários de até R$ 37 mil e um impacto estimado de R$ 1,6 bilhão até 2029. O projeto, apresentado por meio do PL 2829/2025, segue para análise na Câmara dos Deputados e reacende o debate sobre privilégios e distorções no serviço público de elite.
O plano prevê mudanças estruturais na carreira dos técnicos e auditores, incluindo a exigência de nível superior, pós-graduação para promoções e a criação de gratificações generosas — como a IREDG, uma indenização de gestão que será paga fora da base da aposentadoria e isenta de impostos. A proposta afirma que os custos adicionais serão cobertos com realocações internas, sem afetar o Orçamento Geral da União, mas especialistas apontam que toda despesa pública tem efeito fiscal direto ou indireto.
O contraste com a realidade da maioria dos brasileiros é evidente. Enquanto o trabalhador médio no país recebe cerca de R$ 2.500 por mês, o novo plano do TCU pode elevar vencimentos a valores quase 30 vezes maiores, em um órgão cuja missão central é justamente fiscalizar o bom uso do dinheiro público. A incoerência entre o discurso institucional de austeridade e a prática de autobenefício expõe mais do que um problema orçamentário: revela uma crise ética na gestão dos recursos do Estado.
Folha de Brasília, Da redação







