Enquanto aparece na dianteira das intenções de voto para 2026, Celina Leão carrega um fardo que nenhum índice de popularidade é capaz de apagar: a sombra da Operação Drácon. A recente negativa do Ministério Público em reabrir perícia de áudios já validados judicialmente mostra que, apesar do discurso de perseguição e da tentativa de esvaziar as provas, o processo segue robusto e sólido no campo jurídico.
O contraste é gritante. De um lado, uma vice-governadora que se apresenta como alternativa para “renovar” o comando do DF. Do outro, uma ré que responde por improbidade administrativa em um dos casos mais simbólicos de corrupção na capital. A imagem de liderança feminina e de modernidade, cuidadosamente construída, esbarra na realidade de um histórico político marcado por escândalos. Não é à toa que críticos veem na ascensão de Celina mais um reflexo do vazio de opções na política local do que uma prova de confiança genuína.
Mais do que a força de um nome nas pesquisas, a questão central é: até que ponto Brasília aceitará normalizar candidatos sob investigação como se fossem líderes incontestáveis? A democracia perde quando o eleitor se vê obrigado a escolher entre o velho com cara de novo e o novo com cheiro de velho. Se Celina quer provar que pode governar, terá de ir além das promessas — começando por enfrentar as denúncias de frente, sem tergiversar, sem terceirizar culpas e sem tratar a opinião pública como ingênua.
Folha de Brasília, Da redação.
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil.