Facção ‘Povo de Israel’ é alvo de operação que girou R$ 70 milhões com fraudes em dois anos

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A Polícia Civil do Rio de Janeiro lançou a Operação 13 Aldeias nesta terça-feira (22), com o objetivo de desmantelar uma quadrilha que, de dentro dos presídios, realizava fraudes massivas via celular. Estima-se que entre janeiro de 2022 e maio de 2024, o grupo tenha movimentado cerca de R$ 70 milhões através de golpes como falso sequestro e extorsão de comerciantes. O grupo criminoso, conhecido como Povo de Israel, surgiu há 20 anos e mantém influência sobre cerca de 18 mil detentos, distribuídos em 13 unidades prisionais, que funcionam como “aldeias”.

Líderes da organização já encarcerados, como Marcelo “Tomate” Oliveira e Avelino “Alvinho” Gonçalves, são alguns dos alvos da operação. As fraudes principais incluem o golpe do falso sequestro, onde os detentos simulam o sequestro de um familiar da vítima, e a falsa taxa, que envolve ameaças a comerciantes sob o pretexto de dívidas inexistentes. As ações do grupo têm causado prejuízos significativos às vítimas, que são escolhidas aleatoriamente através de ligações telefônicas feitas de dentro das prisões.

A operação conta com o apoio do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e da Subsecretaria de Inteligência da Administração Penitenciária. Foram emitidos 44 mandados de busca e apreensão, incluindo cinco direcionados a policiais penais suspeitos de colaborar com os criminosos, facilitando o uso de celulares e o ingresso de recursos ilícitos nas cadeias. As diligências estão sendo realizadas em diversos pontos da capital e em cidades como São Gonçalo, Maricá e até mesmo fora do estado, no Espírito Santo.

A facção opera majoritariamente a partir do Presídio Nelson Hungria, no Complexo Penitenciário de Gericinó. O Povo de Israel é composto por detentos renegados por outros grupos, muitos deles acusados de crimes como estupro. De acordo com as investigações, o grupo desenvolveu uma sofisticada rede de extorsão utilizando aliados externos, que ajudam a lavar o dinheiro do crime. A joalheria em Copacabana, por exemplo, foi identificada como um dos pontos de lavagem de dinheiro.

A quadrilha também possui ramificações fora do Rio, com atividades detectadas no Espírito Santo e em São Paulo. A operação visa interromper o fluxo financeiro e de comunicação dentro das prisões, desestruturando a organização e responsabilizando tanto os detentos quanto seus cúmplices fora dos presídios.