O Ministério da Fazenda acredita que as possíveis reduções nas taxas de juros nos Estados Unidos até o final do ano contribuirão para aliviar as pressões sobre o real e, em parte, reverter a recente valorização do dólar no Brasil. A equipe econômica está otimista de que o Federal Reserve (Fed) iniciará em setembro um ciclo de redução dos juros, conforme sugerido pelo presidente do banco central americano, Jerome Powell, na semana passada.
Assessores do ministro Fernando Haddad apontam diversos fatores que influenciaram a recente desvalorização do real, que chegou a quase R$ 5,80. Eles reconhecem que questões internas também desempenharam um papel significativo. Entre os fatores citados estão a divisão no Banco Central durante a reunião de maio do Comitê de Política Monetária (Copom), que aumentou a percepção de um possível conflito entre diretores nomeados por governos anteriores e o atual; a falha na comunicação do governo, especialmente após críticas do presidente Lula ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto; e a crise política em torno da Medida Provisória do PIS-Cofins, que gerou incertezas sobre o cumprimento da meta fiscal para 2024.
A equipe econômica do governo acredita que esses fatores de pressão começaram a se dissipar, o que tem melhorado o cenário econômico. Embora ainda não tenha havido uma revisão oficial das projeções, há uma estimativa informal de que o crescimento do PIB pode ficar próximo de 3%, superando a previsão inicial de 2,5%. A melhora do cenário interno e a expectativa de cortes nos juros americanos pelo Fed, aumentando o diferencial de juros entre os EUA e o Brasil, são vistos como fatores que podem atrair mais capital externo e valorizar o real.
Para consolidar esse cenário mais positivo, o governo tem tomado algumas medidas. A comunicação sobre a política monetária foi ajustada, com Lula evitando comentários sobre as decisões do Copom e a antecipação da indicação de um substituto para Campos Neto no comando do Banco Central. Além disso, o governo adotou medidas fiscais, como contingenciamento e bloqueio orçamentário, que demonstram seu compromisso com a meta fiscal de 2024.
No geral, o Ministério da Fazenda acredita que o ambiente externo mais favorável, combinado com as ações do governo, poderá contribuir para uma recuperação do real e uma redução das pressões inflacionárias. Isso criaria um cenário mais favorável para a retomada da queda da Selic a partir de 2025, com menores riscos de recessão nos Estados Unidos e impactos positivos sobre a economia brasileira.